Crítica: “Adeus à Noite”

A França sofreu nos últimos anos uma série de ataques terroristas que foram reivindicados pelo Estado Islâmico. Alguns em grande escala como em julho de 2016, quando um homem em um caminhão atingiu uma multidão em Nice, morreram 86 pessoas e mais de 400 ficaram feridas. Outro que ganhou os noticiários mundiais foi o ataque ao jornal Charlie Hebdo, onde 12 pessoas foram mortas a tiro. E é, indiretamente, sobre isso o tema central da produção francesa “Adeus à Noite” (L’Adieu à la nuit).

O longa dirigido por André Téchiné aborda a conversão de Alex (Kacey Motter Klein) ao Islamismo e a luta silenciosa de sua avó Muriel (Catherine Deneuve) para fazê-lo trilhar outro caminho.

A personagem que veio da Argélia ainda na infância, vive uma vida tranquila em uma fazenda na França onde trabalha com plantação de cerejas e aulas de equitação. Seu neto, Alex, está em um relacionamento a distância com a jovem Lila (Oulaya Amamra), que cresceu em um lar adotivo e também é mulçumana – e que Muriel viu crescer o lado de Alex.

Muriel acha estranho a recente conversão do garoto que ela criou como filho, e começa a observá-lo, até descobrir seus planos de “redenção”. Ela fará o que for preciso para protegê-lo.

O longa conta com o protagonismo de Catherine Deneuve, a atriz que já tem uma carreira consolidada e consagrada, não surpreende com uma atuação perfeita. Fica óbvio que o peso da carga dramática cai todo em seus ombros.

Um problema no roteiro é o reforço de estereótipos de grupos extremistas, em uma cena um “ex terrorista” afirma que jogava muito “Call of Dutty” – uma série de jogos de tiro em primeira pessoa. Em outro momento é afirmado que o Estado Islâmico recruta jovens com determinado perfil: os que passam muitas horas na Internet, que jogam muito videogame, que têm problemas familiares.

A generalização é um grande problema, mesmo que feita sutilmente. Outro detalhe que dá um tom provocativo é a forma como são retratados alguns personagens mulçumanos, indo contra as leis que regem a doutrina.

O longa francês foca nos diálogos bem elaborados, contudo em determinados instantes torna-se cansativo; temos a sensação de que seriam necessários mais momentos de ação, um desenrolar mais rápido de situações um tanto quanto óbvias.

“Adeus à Noite”, só por ter a bela Catherine em seu elenco, já se torna uma boa opção.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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