Crítica: “As Aventuras do Capitão Cueca”

Há quatro anos, fui presenteada com os primeiros títulos de uma saga literária escrita por Dav Pilkey, cuja proposta é bastante simples – e talvez, por isso mesmo, eficaz. Logo me encantei com a história de dois simpáticos e criativos garotinhos, criadores de um, no mínimo excêntrico, herói.

Anos depois, e agora com a coleção de 12 livros completa, foi com grande alegria que pude acompanhar a primeira aparição dos personagens nos cinemas. Sob a direção de David Soren, “As Aventuras do Capitão Cueca – O Filme” (Captain Underpants: The First Epic Movie) conseguiu um feito cada vez mais raro: transportar a obra original do papel para as telonas, com a mesma qualidade e interesse.

Na trama, Haroldo Hutchins (voz de Thomas Middleditch) e Jorge Beard (voz de Kevin Hart) são dois amigos inseparáveis, que enfrentam todas as dificuldades típicas do 4º ano primário. Além de pegadinhas que envolvem assuntos como banhos de tinta esferográfica e flatulências – em uma das sequências mais surreais, a famosa “1812 Overture” de Tchaikovsky é executada por crianças e almofadas que fazem sons não tão louváveis -, a válvula de escape deles é a criação de histórias originais lançadas por sua ‘editora’ própria, a Quadrinhos Casa da Árvore S/A.

Entre os personagens, há “o maior super-herói de todos os tempos”, ou simplesmente Capitão Cueca, que como o próprio nome sugere, combate o crime usando apenas essa peça de roupa – além de uma estilosa capa vermelha, é claro. Ele acaba inesperadamente personificado na rotina dos garotinhos através de Sr. Krupp (voz de Ed Helms), diretor maquiavélico de sua escola, que é hipnotizado por eles – com um anel de plástico! – e assume a identidade daquele que luta pela verdade, pela justiça e por tudo que é de algodão previamente encolhido.

A animação toma como base os primeiros livros da saga e, apesar de usar elementos de vários volumes para criar apenas uma história, consegue fazer isso de forma a costurar tudo com competência. A origem do herói, a chatice sob a camada de inteligência do colega de classe Melvin Sneedly (voz de Jordan Peele), a aparição da Privada Turbo 2000 – sim, acredite: há uma vilã nesse formato! – e a primeira incursão do Professor de Ciências, Fraldinha Suja (voz de Nick Kroll), constroem um arco narrativo que diverte do início ao fim, sem perder o equilíbrio.

Se a simplicidade da história serve para atrair os pequenos, vários recursos tendem a agradar também o público em geral. Destaque para a sequência em que os protagonistas são representados por adoráveis bonequinhos de meia e para o momento em que a dupla chega à escola portando um grande rádio nos ombros numa entrada em grande estilo ao som de “Oh, Yeah”, da dupla Yello (que marcou a geração de fãs de “Curtindo a vida adoidado”).

Para os fãs prévios, vale ressaltar que há momentos em que vemos os desenhos com os traços infantis das revistinhas de Haroldo e Jorge e até mesmo o Vire o Game, uma das partes mais interessantes dos livros e que propõe interatividade com o leitor, consegue manter a essência divertida quando vista na tela.

Acredite no “poder cuequento” e voe para os cinemas! Tra Lá Lááá!!!

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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