Crítica: “Caça-Fantasmas”

Caça Fantasmas pôster críticaVocê sabe que o mundo está mesmo a mercê de um grande colapso social quando percebe que as pessoas conseguem enxergar problemas de cunho político, sexual, religioso ou qualquer coisa do gênero, em quase tudo.

A bola da vez e alvo preferido é o remake/reboot “Caça-Fantasmas” (Ghostbusters) que chega às telonas com dois “títulos” distintos: O de filme com trailer mais reprovado da história do Youtube e o de produção que visa amplificar o cada vez mais difundido “poder feminino”.

Após assistir ao longa, fiquei com uma dúvida simples, mas pertinente: se a ideia é inovar – o que consegue ao ter quatro protagonistas femininas ocupando os lugares de um grupo originalmente formado por homens -, e não ser motivo de comparações, por que se faz valer de tantas coisas já vistas em “Os Caça-Fantasmas”, desde a espinha dorsal do roteiro (é claro, adaptado aos dias de hoje) à canção tema (também regravada por uma banda com mais visibilidade atualmente)?

Pensemos o seguinte: a ideia de formar um elenco principal com mulheres é genial. Mas, não seria muito mais interessante/ inteligente/engraçado se elas tivessem alguma ligação com os personagens originais? E se tivessem se conhecido em alguma convenção tipo Comic-Con, em uma homenagem a Egon, Peter, Ray e Wiston? E se, as participações especiais de Bill Murray, Ernie Hudson e Dan Aykroyd fossem o pontapé inicial para passar o bastão – ou melhor, a mochila de prótons – para uma nova geração? Legal, né?! Mas não é isso que acontece, então, voltemos à realidade do que foi feito de fato pelo diretor/roteirista Paul Feig.

Na nova (?) trama, duas acadêmicas, uma cientista e uma funcionária do metrô (Melissa McCarthy, Kristen Wiig, Kate McKinnon e Leslie Jones) se unem para combater seres de outro mundo que ameaçam o nosso conhecido. Acrescente Nova York como cenário, algumas cenas envolvendo melecas, um carro com design imediatamente reconhecido pelo público e o logo com um fantasminha atrás de uma placa de proibido – que depois de mais de três décadas já se tornou icônico. Eis a receita “arroz e feijão gourmet” deste lançamento.

Há alguns bons momentos, efeitos e piadas eficazes, mas no geral, isso parece pouco para um filme que era anunciado como uma das grandes promessas de 2016 e que, pelo que dá para perceber na cena adicional, é tido como aposta certeira para a manutenção de uma possível e rentável franquia.

Para fechar a polêmica: é a velha história de “um no cravo, um na ferradura”. Por um lado, as mulheres mostram competência ao segurar a história. Por outro, ainda há o uso do há muito tempo batido clichê da “loira burra” – neste caso, Kevin, um “loiro burro” representado por Chris Hemsworth, que, se comparado à Janine (Annie Potts) dos filmes de 1984 e 1989, deixa muito a desejar no quesito carisma. Sem contar que, justamente a única do quarteto a não ter um diploma universitário é a personagem negra. Munição mais do que suficiente para a metralhadora dos que precisam de justificativa para destilar ódio por aí.

Quanto à pergunta: “Quem você vai chamar?”, há 32 anos, não hesitaria em responder (no ritmo da canção de Ray Parker Jr.) “Ghostbusters”. Em 2016, confesso que daria prioridade ao trabalho do casal Warren ou dos irmãos Winchester.

por Ana David – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema Tags: ,

You might like:

Sony Music lança trilha sonora de filme “Caça-Fantasmas” Sony Music lança trilha sonora de filme “Caça-Fantasmas”
Megapix exibe clássicos na “Sessão Retrô” Megapix exibe clássicos na “Sessão Retrô”
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.