Crítica: “Crimes em Happytime”

Um filme em que grande parte do elenco é composta por fantoches – em sua maioria, fofinhos – com direito a cenas envolvendo muito açúcar colorido e hastes de anis. Apropriado para crianças? Com certeza não (tanto que a classificação no Brasil ficou estipulada em 16 anos).

Essa é “Crimes em Happytime” (Happytime Murders), comédia dirigida por Brian Henson – filho de Jim Henson, icônico criador de outros fantoches famosos e bem mais inocentes, os Muppets. Na trama, os integrantes da Happytime Gang, protagonistas de um programa de televisão da década de 1980, estão sendo assassinados por alguém que supostamente está interessado em ficar com uma quantia a qual eles têm direito de receber por seu trabalho.

A incumbência de capturar o criminoso é dada ao detetive particular Phil Phillips, ex-policial que ostenta o título de único fantoche a ter feito parte da corporação e à sua ex-parceira de trabalho, Connie Edwards (Melissa McCarthy), testemunha ocular do fato que levou à dispensa de seu colega.

Apesar de ser acertadamente classificado como comédia, o filme também consegue ser eficiente no que diz respeito a tratar de assuntos delicados como o problema da não aceitação e da nítida diferença de tratamento imposta por uma sociedade que conta com uma parcela que vê os fantoches como inferiores sem direito a fazer parte do coletivo junto aos humanos.

O roteiro não tem nenhum pudor em abusar de palavras de baixo calão – que em alguns momentos são até amplificadas pela tradução brasileira – e de cenas de violência explícitas, com direito a muito recheio de bonecos voando pela tela. Sem contar certas sequências que, de tão surpreendentes e sem censura, farão o espectador sentir-se verdadeiramente impactado, com direito àquele sorrisinho amarelo ou até mesmo risadas de nervoso.

O destaque vai para o excelente trabalho da equipe responsável por manipular os bonecos. Os movimentos são tão naturais que é fácil esquecer que por trás de cada um deles há uma pessoa real, o que se torna mais interessante quando mostrado nas cenas durante os créditos –  o que já era cômico, fica ainda melhor.

Já na área de atuações, o trio feminino composto por Melissa McCarthy, Elizabeth Banks e Maya Rudolph dá um show em tela e parece nitidamente estar se divertindo. Também vale dizer que há referências engraçadíssimas, inclusive a outras produções cinematográficas, que devem divertir o espectador que seguir o seu instinto e conseguir encontrá-las.

Vale conferir (mas só se você já tiver pelo menos 16 anos!).

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

You might like:

Crítica: “Abigail” Crítica: “Abigail”
Crítica: “Guerra Civil” Crítica: “Guerra Civil”
Crítica: “Jorge da Capadócia” Crítica: “Jorge da Capadócia”
Crítica: “Névoa Prateada” Crítica: “Névoa Prateada”
© 4770 AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.