Crítica: “Dora e a Cidade Perdida”

Quando o live-action baseado na série animada “Dora, a Aventureira” foi anunciado, a primeira coisa que me veio em mente foi de que forma elementos importantes na produção da Nickelodeon  – como a quebra da quarta parede e a inocência que beira o exagero da protagonista – seriam levados para as telas de maneira tão realista quanto possível. A boa notícia é que houve um inesperado êxito nessa empreitada.

A trama de Dora e a Cidade Perdida” (Dora and the Last City of Gold) começa mostrando a garota com seis anos (nessa primeira fase interpretada por Madelyn Miranda) vivendo na selva peruana, longe de quaisquer outros elementos que não fizessem parte da zona de conforto criada por seus pais Elena e Cole (Eva Longoria e Michael Peña). O único contato com alguém de sua idade se dava pela proximidade que tinha com o primo Diego (Malachi Barton), mas que vai embora com a família para Los Angeles.

Dez anos de passam e a agora adolescente Dora (Isabela Merced) tornou-se uma jovem inteligente e cheia de perguntas, ainda mais no que diz respeito à exploração de lugares desconhecidos – gosto este herdado dos pais, exploradores natos que decidiram viver na selva para estar em maior contato com a natureza e todos os mistérios que nela se escondem.

Quando a garota é mandada para a cidade grande (fato que acompanhamos em outra série animada, “Dora e seus amigos: Na cidade!”), é hora de enfrentar o maior de seus desafios: o de se adequar a uma sociedade que parece civilizada, mas no fundo sabe como ser hostil – ou seja, é preciso adaptar-se à rotina do ensino médio.

A protagonista vai morar com seus tios e reencontra o primo Diego (agora vivido por Jeffrey Wahlberg), que a princípio hesita em ajudá-la a se enturmar na escola, por envergonhar-se de seu jeito intrinsicamente espontâneo e gentil, que faz com que ela torne-se alvo de bullying – mas, o assunto não é tratado de maneira pesada nem oferece cenas cruéis, como tantas outras produções já fizeram antes.

Com o desaparecimento dos pais – que saíram em busca da misteriosa cidade de Parapata, com a qual são obcecados desde a infância da Dora – caberá à garota trazer seu espírito aventureiro à tona para desvendar os mistérios que aparecerão pelo caminho e efetuar o resgate da dupla.

O filme é encantador. Com a proposta de oferecer uma história leve e divertida – assim como a obra original na qual se baseia – a produção dirigida por James Bobin acerta do início ao final. O destaque fica para a capacidade de se inserir detalhes que os fãs perceberão de imediato, mas que os espectadores que só agora têm acesso à personagem conseguirão aproveitar também.

Isabela Merced foi a escolha ideal para interpretar a protagonista. É fácil acreditar que se a Dora fosse uma pessoa real, teria todas as características da atriz – fato alavancado pelo uso eficiente do figurino e pelo visual que transita com maestria no limiar entre a infância e a adolescência.

O roteiro de Nicholas Stoller e Matthew Robinson conta com tipos bem definidos – o que significa que os vilões são quase caricatos -, mas há de se dizer que o Raposo (voz de Benicio Del Toro na versão original) está perfeito, o que induz o espectador a embarcar na história e repetir a famosa frase “Raposo, não pegue!” – se você for adulto, pode fazer isso apenas mentalmente, continua sendo legal!

Ainda que direcionada para o público mais novo, “Dora e a Cidade Perdida” é uma opção válida para quem gosta de histórias simples (mas nem por isso menos interessantes) e que envolvem o tema exploração – com direito a pistas a serem seguidas e lugares a serem descobertos, peças de um jogo divertido e eficaz.

Vale conferir!

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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