Crítica: “Escape Room 2: Tensão Máxima”

Quem já participou de algum jogo de fuga – principalmente no que diz respeito a salas presenciais – sabe que, embora as temáticas sejam as mais diversas possíveis, as disputas costumam ter uma base semelhante, com enigmas moldados por elementos como combinações numéricas, cadeados e desafios de lógica, sempre, é claro, pensados para fazer sentido com o(s) cenário(s) de onde os participantes precisam sair (em geral, no prazo de 60 minutos).

Dito isso, a sensação ao assistir a “Escape Room 2: Tensão Máxima” (Escape Room: Tournament of Champions) é a de que, mesmo que os perigos sejam bem diferentes dos vistos no seu antecessor, de alguma maneira as coisas acabam parecendo mais repetitivas do que deveriam.

A trama que tem Adam Robitel como diretor começa basicamente do ponto em que o longa anterior (também dirigido por ele) termina, com a dupla de sobreviventes formada por Zoey Davis (Taylor Russell McKenzie) e Ben Miller (Logan Miller) partindo em busca de provas que levem à prisão daqueles que estão por traz da temerosa empresa responsável pela criação e execução do jogo para o qual foram convidados e do qual quase não escaparam com vida.

Essa procura os leva até Nova York, quando se veem presos em uma nova partida, dessa vez com uma equipe inédita, composta apenas por “vencedores” de desafios prévios, o que significa que a tradução do título original “Escape Room: Torneio dos Campeões” seria muito mais adequada e poderia ajudar a situar o público.

Isso me pareceu algo como uma versão “Jogo de Fuga” para o que foi apresentado em “Jogos Vorazes: Em Chamas” (tanto no livro, quanto no filme), com direito, inclusive, a elementos perigosos muito similares – para não dizer idênticos. É a tal história de não importar o tema, tudo acaba sendo meio parecido sob um olhar mais atento.

Tal qual o primeiro filme (do que agora já se pode imaginar que tenciona se tornar uma franquia), o que mais chama a atenção é a cenografia que envolve os locais de onde os participantes devem fugir. Embora limitados – uma vez que a proposta, assim como em jogos regulares, é escapar de lugares fechados -, os espaços são bastante amplos, o que poderia deixar a sensação de claustrofobia em segundo plano, mas que acabam tendo a mesma eficácia em se mostrar sufocantes.

Há cenas (poucas) que conseguem causar desconforto no espectador. A dúvida sobre o que fazer para se manter a salvo e a possibilidade de se deparar com um fim prematuro/doloroso colocam os personagens em constante apreensão, afinal, não é das coisas mais agradáveis ter sua vida colocada em risco a cada passo em falso que se dá. Mas isso não é o suficiente para que criemos um laço de verdadeira preocupação com eles, já que tudo acontece de maneira rápida – como em um jogo real -, porém extremamente rasa.

O roteiro de Oren Uziel é uma costura de momentos óbvios, que formam uma história com quase nenhum potencial a se explorar, mas que consegue, mesmo assim, entregar mais um final em aberto. De qualquer modo, em pontos soltos na narrativa, existem pequenos detalhes que, quando explicitados na reta final, podem surpreender.

Então, vale seguir o que diz uma personagem em dado momento da produção, e encarar tudo (tudo mesmo) como uma pista, porque, em grande parte, elas de fato farão diferença no êxito / fracasso da escapada.

por Angela Debellis

*Título assistido em sessão regular de cinema.

Filed in: Cinema

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