Crítica: “Invasão Zumbi 2 – Península”

Se tem algo que George Romero, o pai dos filmes sobre apocalipse zumbi, ensinou logo em seu primeiro longa do gênero, é que para compor um bom filme sobre mortos vivos não basta colocar as criaturas simplesmente levantando de suas covas e devorando carne fresca. Um contexto político ou introspectivo que provoque uma reflexão no público se faz necessário.

Obras que trazem esse elemento junto ao terror geralmente são as mais aclamadas pela crítica, como Despertar dos Mortos, The Last of Us e até mesmo o primeiro filme da franquia Invasão Zumbi. Infelizmente, Invasão Zumbi 2 – Península (Peninsula) escolheu trilhar um caminho diferente.

A trama se inicia em paralelo aos acontecimentos do filme anterior, e acompanhamos o soldado Jung-seok (Dong-won Gang) tentando fugir da península coreana e salvar a família de sua irmã, entretanto as coisas não saem como o planejado. Após esses eventos, a narrativa avança quatro anos, os sobreviventes do surto zumbi na Coreia receberam asilo em outros países da Ásia, mas são constantemente hostilizados.

Sem muitas opções, Jung-seok recebe a proposta de voltar à península coreana e recuperar um caminhão carregado de dólares, porém a área não estava habitada somente pelos zumbis como se imaginava.

Apesar de a história flertar constantemente com o drama, ela nunca consegue ser comovente e aprofundada. No geral, as tentativas em dar profundidade emocional para o contexto acabam caindo no piegas, tornando a proposta desse filme bem diferente do que foi apresentado em seu antecessor.

A narrativa agora opta por se focar mais na ação, com um cenário que em muitos momentos lembra Fuga de Nova York e Mad Max e com perseguições de carro a la Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio. Mas, nesse caso, os efeitos não são convincentes como poderiam ser, e a física das batidas de carro destoa da realidade em vários momentos, parecendo até um jogo de vídeo game.

O design de produção é competente, assim como a maquiagem dos zumbis – a interpretação coreana dessas criaturas é bem aterrorizante, deixando-os rápidos como os apresentados em Guerra Mundial Z, porém com o aspecto pútrido e ameaçador de Madrugada dos Mortos.

Embora os zumbis tenham mantido a qualidade visual do primeiro capítulo da franquia, agora as criaturas deixaram o posto de ameaça principal da trama: aqui eles são meros coadjuvantes, quem ostenta o posto de real antagonista são os seres humanos que sobreviveram na península.

Incontáveis obras do gênero têm feito o que o roteiro de Invasão Zumbi 2 – Península tentou fazer: utilizar os zumbis como plano de fundo para mostrar a degradação da moral humana perante uma calamidade. O seriado The Walking Dead e o já citado jogo The Last os Us, fazem isso com maestria. Porém o roteiro raso deste filme falha em sua tentativa em apresentar a humanidade como vilã, os personagens antagonistas são extremamente exagerados e caricatos, não conseguem se mostrar críveis a ponto de entendermos suas motivações. Abrir mão do protagonismo dos zumbis não foi uma decisão assertiva.

Dirigido e roteirizado por Sang-Ho Yeon, Invasão Zumbi 2 – Península não é terrível, ele ainda consegue entreter e divertir os fãs de apocalipse zumbis, com cenas de ação frenéticas e perseguições alucinantes. Dentro do que se propõe, entrega um resultado regular, embora não seja exatamente o que os espectadores que gostaram de seu antecessor estavam ansiosos para conferir.

Em suma, a impressão é a de que houve uma recusa em ampliar o que já era bom e optaram em entregar mais um título de zumbi genérico.

por Marcel Melinsk – especial para A Toupeira

*Titulo assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.

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