Crítica: “Jumanji: Bem-Vindo à Selva”

Dizer que “Jumanji” tornou-se um marco nos títulos que fizeram história nos anos de 1990 pode ser lugar-comum, mas nem por isso deixa de ser verdade. A produção de 1995, que tinha o saudoso Robin Williams como protagonista, continua no imaginário popular e no coração de muitos espectadores.

Talvez por sua longeva fama, utilizar o nome do filme em uma produção totalmente inédita tenha sido uma opção inteligente, para atrair público. Mas, sob a direção de Jake Kasdan, “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” (Jumanji: Welcome to the Jungle) acaba ficando à sombra de seu “antecessor” – por assim dizer.

Na trama, quatro adolescentes com personalidades distintas têm que cumprir detenção na escola em que estudam e são convocados pelo diretor a organizar uma sala praticamente esquecida do local, que abriga os mais diversos objetos – incluindo uma caixa com doações onde se encontra um console bastante popular há 30 anos, assim como um cartucho (daqueles que tínhamos certeza que funcionavam melhor quando as assoprávamos).

A tal plataforma foi o jeito que o inesquecível jogo de tabuleiro encontrou para ganhar a atenção de um jovem, um ano após os acontecimentos vistos anteriormente, assim como fazer com que o quarteto dos dias atuais abandone as funções designadas pelo diretor, para dar início a uma partida que, como já foi mostrado no trailer, vai levá-los para dentro do jogo – literalmente.

É quando começa uma inesperada aventura pela selva (a mesma em que o personagem de Robin Williams, Alan Parrish, passou 26 anos preso). Saem os adolescentes com pouco carisma, entram nomes mais conhecidos do público, sob a justificativa de que são os avatares do jogo. A garota tímida é representada pela jogadora cujo figurino – pouco recomendado para lutar pela sobrevivência num ambiente hostil – foi defendido por sua intérprete Karen Gillan; o destaque do futebol ganha uma versão bem menos atlética sob a forma de Kevin Hart, que tem a função menos necessária no jogo; a menina popular se vê no corpo do avatar representado por Jack Black; e o “nerd” da turma vai enfrentar o desafio na pele do explorador vivido por Dwayne Johnson.

Recursos familiares aos gamers estão presentes: poderes e fraquezas específicos para cada jogador, além de personagens “não jogáveis” que servem para orientar em determinados pontos. Mas, o que mais me incomodou foi a possibilidade de retorno à partida mesmo após um revés, já que cada um têm três vidas (cadê a emoção de ter que desviar de um estouro de animais selvagens dentro de sua própria casa, porque não seria muito bom ser esmagado por um rinoceronte?). Além disso, o temível vilão caçador Van Pelt ganha uma versão bem menos ameaçadora e bem mais dispensável.

Por falar em animais, estes sofrem do mal da gangorra de qualidade. Em certos momentos, parecem extremamente reais, em outros, mostram que mais de 20 anos de evolução no uso do CGI não foram suficientes para suplantar as imagens de seu antecessor.

Voltando à história: A ideia é ruim? Não. Mas deixa a estranha sensação de que tem algo muito errado. Usar o nome “Jumanji” e modernizar o jogo foi uma decisão tão equivocada quanto a que vimos em “O Chamado 3”, quando bizarramente a jovem Samara deixa para trás as fitas de VHS para atormentar as vítimas via e-mail. Bastaria transformar a intenção do roteiro em algo de fato original para que tudo ganhasse outra dimensão bem mais interessante.

por Ana David – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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