Crítica: “Ma”

Poucas letras e muitas reflexões. Assim é o título de “Ma”, terror que leva às telas uma história que transita entre o banal – mas ainda assim merecedor de atenção e o surpreendente que vale o ingresso.

Com uma intensa e incessante possibilidade de se transmitir informações nos dias atuais, pode haver alguma impressão (errônea) de que o bullying é algo novo. Ledo engano, já que essa prática faz vítimas – tanto na vida real quanto em obras de ficção há muito tempo e, ainda assim, continua sendo passível de choque por parte daqueles que veem as histórias apenas do lado externo.

Sue Ann (Octavia Spencer) é uma mulher solitária que passou a vida toda em sua pequena e monótona cidade natal. Sua rotina é baseada apenas em ir de casa para o trabalho – em uma clínica veterinária – e vice versa. Até que conhece uma turma de adolescentes ávidos por bebidas que não tem idade para comprar e serve de “intermediária” nessa transação.

O que parecia ser um encontro casual e único na porta de uma loja de conveniência evolui para uma série de festas dadas no porão da casa da protagonista, cada vez mais à vontade com os jovens, em situações que beiram a estranheza total (mas sempre regadas a uma trilha sonora impecável e muito dançante que vai de “Funkytown” do Lipps Inc. a “September” do Earth, Wind & Fire).

Por trás de sorrisos amigáveis e álcool / petiscos grátis, Sue Ann – agora chamada de “Ma” (abreviação de “Mãe”, em inglês, mas que em português ganha outra conotação quando colocado um acento agudo na letra A, o que é uma coincidência bem bacana) – esconde um passado repleto de mágoas e traumas, que volta à tona graças a essas inesperadas amizades e suas ramificações.

O longa pode parecer moroso em boa parte de sua duração (1h40min), mas quando cria ritmo – quase próximo ao final – faz o espectador se sentir desconfortável (no melhor sentido que isso possa ter para um filme de terror!) na cadeira. Apesar de parecer bem óbvio quem faz parte do lado “mau” da história, também há de se questionar até que ponto a sociedade – e seus elementos – têm direito a causar danos emocionais às pessoas, sejam próximas ou não.

Algumas soluções apresentadas para resolver problemas bem distintos me pareceram que poderiam ter outros rumos – talvez mais “pesados” ou complexos, até porque a classificação etária é de 16 anos. Ao mesmo tempo, isso poderia tiraria o mérito da narrativa mais simples e da atuação de Octavia Spencer.

Mesmo não havendo cenas adicionais, não pense ter encontrado todas as respostas antes de ver a produção da Blumhouse, dirigida por Tate Taylor até o fim.

Vale conferir.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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