Crítica: “Mate ou Morra”

Loopings temporais não são exatamente o que se pode chamar de tema original, já que estes foram – ainda são, e com certeza serão – abordados nas mais diversas produções, inclusive, criando obras memoráveis como o icônico “Feitiço do Tempo” (lançado em 1993, estrelado por Bill Murray e Andie MacDowell), referência obrigatória quando pensamos no assunto. Falando de títulos mais recentes, vale destacar “A Morte te dá Parabéns” (1 e 2) e, até mesmo “Free Guy – Assumindo o Controle”.

O que mantém a relevância desse tópico é a criatividade de roteiristas e escritores que conseguem entregar histórias que, embora girem em torno de elementos semelhantes, na maior parte das vezes apresentam alguma coisa nova, que serve para manter a atenção e curiosidade do público.

Quem adentra a esse mundo de cabeça erguida é o longa que mescla ação, suspense e ficção científica “Mate ou Morra” (Boss Level), dirigido por Joe Carnahan (que também assina o roteiro junto a Chris Borey e Eddie Borey).

A história gira em torno da rotina do ex-soldado das Forças Especiais, Roy Pulver (Frank Grillo), que, de maneira inicialmente inexplicável, vê-se preso ao dia de sua morte, tendo sempre um final desfavorável – não importa o que faça para tentar escapar dos misteriosos e cruéis algozes que acabam com sua vida das mais diversas maneiras, dependendo do ponto em ele consegue chegar.

Sem soltar nenhum spoiler, o que é possível dizer é que a narrativa de Roy está intimamente ligada à sua ex-esposa, Jemma Wells (Naomi Watts), cientista responsável por um Projeto Secreto financiado pelo Coronel Clive Ventor (Mel Gibson), cujas ideias megalomaníacas incluem uma espécie de “reset” na história da humanidade, a fim de que possa ser reescrita a seu bel-prazer.

Se a ação parece quase ininterrupta (o que é excelente e cumpre a promessa feita pelas cenas exibidas no trailer oficial), também há momentos mais emocionais, que, mesmo em quantidade muito menor, são importantes para ajudar na sustentação do roteiro, sem cair na armadilha de tentar comover além da conta. Curiosidade: O filho do protagonista, Joe, é interpretado por Rio Grillo, filho do ator na vida real.

Além da ótima atuação de Frank Grillo – cujo personagem tinha tudo para ser apenas raso e esquecível, mas ganha a simpatia do espectador já no começo da exibição -, há de se exaltar a eficácia na escolha de como apresentar o tal looping temporal no qual Roy encontra-se preso, que, mesmo contando com a óbvia repetição dos fatos, em nenhum momento torna-se cansativo.

Como se fossem fases de um videogame, começamos a acompanhar sua saga já no 100º dia de sua duração, e os breves retornos a dias anteriores – a fim de explicar sua evolução em aprender como se desvencilhar de determinados perigos recorrentes – servem para posicionar a plateia, evitando que dúvidas simples fiquem sem respostas, ainda que o final seja aberto em partes.

Entre tantas grandes estreias que aconteceram em 2021, “Mate ou Morra” parece não ter tido o destaque que merece, mas vale muito a pena conferir a produção nas telonas.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.

Filed in: Cinema

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