Crítica: “Meu Amigo Robô”

Filmes que têm como base uma relação de amizade entre um robô e um humano não chegam a ser novidade. Mas, com o crescente (e aparentemente ilimitado) desenvolvimento da tecnologia, isso ganha ares ainda mais interessantes, uma vez que a convivência com seres robóticos já não parece tão distante, nem apenas “histórias que se veem no cinema”.

Dirigido por Darik Andreasyan, “Meu Amigo Robô” (Robo) conta a história de A-112 (voz de Sergey Bezrukov), um protótipo construído com a finalidade de atuar em aéreas onde ocorreram acidentes e que são de difícil acesso para bombeiros e/ou paramédicos em busca de vítimas. A função primordial do robô é encontrar as pessoas e dar um atendimento que vise mantê-las vivas e em segurança.

Porém, embora seja fruto do trabalho de cinco anos dos cientistas Viktor e Nadya Privalov (Vladimir Vdovi chenkov e Mariya Mironova, respectivamente), A-112 apresenta o que chamam de “falhas no comportamento” ao ser apresentado ao general responsável por dar permissão para o andamento do projeto. Após a exposição problemática, o robô foge do laboratório e vai em busca do que imagina ser o correspondente mais próximo de uma família, de acordo com as informações que contém em seu banco de dados.

Neste caso, tal representação surge na forma do garoto Dimitry “Mitya” (Daniil Izotov), filho do casal de cientistas que criou o robô. E, ao enfrentar o desconhecido das ruas de Moscou e a sociedade que o enxerga como um perigo iminente (graças a declarações governamentais que visam sua destruição completa), A-112 – que depois passará a ser chamado apenas de “Robô” por quem lhe é próximo -, dá início a uma improvável, mas encantadora amizade entre um autômato e uma criança humana.

A partir desse ponto, o que passa a importar na narrativa é a sensibilidade em saber transitar entre a rigidez mecânica de um robô e as maravilhas que o tornam muito mais “humano” do que muitos personagens que passam pela história, como crianças que não hesitam em praticar bullying, professores que só valorizam a própria área em que atuam (diminuindo o valor de qualquer outra que fuja de sua compreensão ou interesse) ou pais que pouco sabem como agir diante de seus filhos.

Embora tenha como um dos protagonistas um robô, o longa não conta com efeitos especiais muito exagerados. Em alguns momentos, é possível até mesmo esquecer que não se trata de algo trivial ver um personagem desse tipo em nosso dia-a-dia. Também vale exaltar a delicadeza de certas decisões visuais como o uso de um elemento que remete a cílios nos olhos de A-112, o que lhe dar um ar menos impessoal, assim como a divertida seleção de vozes possíveis de serem escolhidas para ele.

Com uma história simples, direta e bonita, “Meu Amigo Robô” surge como uma grata surpresa em tempos em que assistir a produções leves e que consigam colocar um sorriso no rosto dos espectadores seja algo tão importante.

O longa está disponível na plataforma “Cinema Virtual” e vale muito a pena conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.

Filed in: BD, DVD, Digital

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