Crítica: “Meu Extraordinário Verão com Tess”

É dado como certo o fato de que, em algum momento de nossa jornada, nos pegaremos em franco questionamento sobre o fim de nossa própria existência e/ou daqueles a quem amamos. E isso acontece simplesmente porque temos consciência de nossa finitude, o que, dependendo do ponto de vista pode ser algo levado como inevitável ou desesperador.

Em “Meu Extraordinário Verão com Tess” (My Extraordinary Summer with Tess) conhecemos o garoto Sam (Sonny CoopsVan Utteren), que, aos 10 anos, já se vê em meio a esse turbilhão de dúvidas sobre a vida e a morte, em pleno período de férias com a família.

Com uma imaginação prodigiosa, o menino carrega consigo um leque de conhecimentos que, para muitos, pode parecer, no mínimo estranho, afinal, vários são relacionados a tempo de vida de espécies ou extinção de raças – um deles, inclusive, vai lhe render um divertido apelido.

É nesse ponto que ele decide iniciar um “Treinamento de Solidão”, exercício que consiste em ficar cada vez mais horas sozinho por dia, a fim de que, quando sua família partir, ele não sinta tanto a falta de seus pais e irmão. Na posição de filho mais novo, Sam acredita que será o último a morrer (segundo as probabilidades “lógicas” da vida) e quer evitar ao máximo seu sofrimento por apegar-se aos familiares.

Mas, como a vida é cheia de surpresas, durante essa decisão solitária, o protagonista conhece Tess (Josephine Arendsen), moradora da ilha em que ele passa as férias. A garota de 11 anos tem um ritmo frenético, que bate de frente com a aparente morosidade de Sam. Juntos, eles descobrirão que têm muito a ensinar um ao outro, em questão de amizade e importância de ter os entes queridos por perto em todo momento que for possível.

Dirigida por Steven Wouterlood, a comédia dramática holandesa que está disponível no Cinema Virtual é adorável. Histórias que envolvem a revelação de coisas simples – mas infinitamente necessárias – para nosso crescimento costumam dar muito certo na tela. Em alguns momentos, lembrei-me da delicadeza de outra produção que gira em torno de dois protagonistas jovens, “Meu Primeiro Amor”, cujo êxito de público levou à produção de uma sequência (menos cativante do que o original).

Para quem está acostumado às produções americanas, de maior amplitude comercial, algumas cenas podem parecer lentas demais, mas ao término da exibição, se o espectador parar para refletir, é provável que consiga enxergar uma espécie de poesia em cada uma delas, com todas girando em do assunto vida/morte.

“Meu Extraordinário Verão com Tess” venceu o prêmio de Melhor Filme – Menção Especial no Festival de Berlim de 2019 e participou da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2019.

Baseado no livro homônimo de Anna Woltz, o filme é indicado para ocasiões em que se quer assistir a algo que faça sorrir através da simplicidade de seus elementos. Vale muito a pena conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.

Filed in: BD, DVD, Digital

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