Crítica: “Noite Passada em Soho”

Encontrar o equilíbrio ao optar pela inserção de vários gêneros dentro de uma mesma obra não é uma tarefa simples, mas quando dá certo, pode gerar resultados incríveis. Esse é o caso de “Noite Passada em Soho” (Last Night in Soho), o mais recente trabalho do diretor Edgar Wright, que também assina o roteiro junto a Krysty Wilson-Cains.

A trama tem como protagonista Eloise (Thomasin McKensie), estudante de moda, que vê no início de seu curso em Londres a chance de tornar-se uma grande estilista no futuro. Mas a jovem não se enquadra na nova vida que engloba colegas de classe pedantes e cujos interesses parecem ser apenas dar um jeito de se mostrarem superiores – através de roupas de grife ou noites regadas a drogas e bebidas.

A decisão de sair da república de estudantes leva Eloise à casa da misteriosa Senhorita Collins (Diana Rigg), em Soho (bairro inglês famoso pela diversidade de opções de lazer, gastronomia e compras), onde aluga um quarto que, à primeira vista, tem tudo para atender suas necessidades – inclusive no que diz respeito à decoração baseada nos anos de 1960, década pela qual a personagem tem verdadeira adoração.

Esse é o cenário em que Eloise ficará de frente com inesperadas descobertas, através de sonhos vívidos, pelos quais consegue fazer uma espécie de viagem no tempo e acompanhar fatos passados nos idos de 1964, envolvendo a promissora aspirante à cantora Sandie (Anya Taylor-Joy), relacionamentos problemáticos e uma triste e dramática conclusão.

A cada noite passada no quarto, a garota se apega mais ao que vê, embora não consiga interagir com nenhuma das figuras de seus sonhos. Essa “obsessão” é a responsável por sua mudança de visual (ainda que mantenha sua essência) e pela ideia de desenvolver peças belíssimas em seu curso universitário.

Mas, quando o ansiado glamour de uma vida nos palcos dá lugar ao terror vivido por Sandie nos bastidores do mundo do entretenimento, o filme ganha contornos tensos e que levam a caminhos surpreendentes, mas brilhantemente pavimentados pelo eficiente roteiro.

Em se tratando do visual, “Noite Passada em Soho” é impecável, seja na apresentação de figurinos encantadores ou na construção cenográfica da Londres de quase sessenta anos atrás. Além disso, há cenas que fazem um uso espetacular de reflexos em espelhos, por onde vemos as imagens das duas garotas, Eloise e Sandie, em uma sincronia que é quase hipnotizante.

A resolução, de fato, acontece apenas nos momentos finais do longa, quando há certa aceleração de ritmo, após o esclarecimento de importantes fatos. Cabe ficar atento aos detalhes que são apresentados de maneira estratégica através de toda a narrativa e que vão ajudar a compreender alguns pontos.

Esplêndido e avassalador.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.

Filed in: Cinema

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