Crítica: “O Rastro”

Entre os diversos tipos de filmes existentes (e suas cada vez mais presentes subdivisões), terror é um dos que tem admiradores mais fiéis e, talvez por isso mesmo, mais exigentes, quando se trata da qualidade das histórias apresentadas.

Apesar de bastante popular no Brasil, o gênero ainda enfrenta grandes dificuldades em se firmar dentro de produções nacionais, tendo uma inacreditável discrepância nos números de bilheteria alcançados por títulos internacionais – especialmente os americanos.

Com a responsabilidade de conquistar a audiência do próprio país em que foi produzido, o terror “O Rastro” chega às telonas sob a direção de J. C. Feyer e conta com a participação de um elenco consagrado – especialmente em trabalhos para a televisão.

A trama é passada quase em sua totalidade nos corredores de um hospital público cuja decadência palpável equivale à urgência com que a saúde pública deveria ser tratada (seja na ficção ou na vida real). O protagonista João (Rafael Cardoso), um ex-residente do local, agora trabalha mais com a parte burocrática na Secretaria Pública de Saúde, e é o responsável pela transferência dos últimos pacientes internados para que a interdição definitiva possa ser efetuada.

Além de ter que confrontar seu mentor – e dono do estabelecimento – Heitor (Jonas Bloch), João acabará, sem querer, entrando numa história repleta de surpreendentes segredos, no momento em que conhece a pequena Júlia (Natália Guedes), uma das pacientes que devem ser transferidas, mas que de repente some sem deixar nenhum rastro (vale o trocadilho!).

Fazendo par com João, está Leila (Leandra Leal), que à espera do primeiro filho do casal, verá sua vida, aparentemente pacata e comum, virar de cabeça para baixo com os crescentes surtos do marido, que assume como meta de vida encontrar a garota desaparecida sob sua responsabilidade.

Apostando na eficácia do terror psicológico, o longa faz com que o espectador sinta-se cada vez mais enredado pelas dúvidas que surgem durante a exibição. A opção pelo uso de closes (destacando o suor dos personagens) e por tomadas mais fechadas – causando a clara sensação de sufoco, levam a plateia a sentir-se quase uma prisioneira do decrépito hospital. Ponto para a direção de arte.

O elenco ainda traz nomes como Claudia Abreu, Alice Wegmann e Felipe Camargo, além de uma participação especial que não foi anunciada em nenhum tipo de material de divulgação (em uma ação semelhante à utilizada no longa “Seven – Os Sete Crimes Capitais”, obra prima de David Fincher, lançado em 1995).

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

You might like:

Crítica: “Abigail” Crítica: “Abigail”
Crítica: “Guerra Civil” Crítica: “Guerra Civil”
Crítica: “Jorge da Capadócia” Crítica: “Jorge da Capadócia”
Crítica: “Névoa Prateada” Crítica: “Névoa Prateada”
© 3429 AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.