Crítica: “Snowden – Herói ou Traidor?”

snowden-poster-criticaComo diz o ditado: “A vida imita a arte”, porém dessa vez por escolha do diretor Oliver Stone o longa não imitou a realidade, mas foi criado para contá-la. Diferentemente do documentário feito no último ano, “Snowden: Herói ou Traidor” (Snowden) tem como uma de suas melhores características explorar a personalidade e as experiências vividas pelo ex-agente da CIA interpretado por Joseph Gordon Levitt.

O enredo é conduzido de maneira cronológica, começando em Hong Kong, com o encontro de Laura Poitras (Melissa Leo) e Glen Greenwald (Zachary Quinto), jornalistas do The Gardian, com Snownden, que em primeira instância os deixa receosos pelo misterioso compromisso, marcado em meio a um shopping movimentado.

Após a reunião, acontece em um quarto de hotel de luxo, a reconstrução da entrevista que viria chocar e se tornar ao mesmo tempo notícia nos principais veículos de comunicação do mundo. A grande sacada do diretor foi reconstruir as memórias do protagonista com flashbacks dando a impressão de que o espectador está dento de suas lembranças.

Alguns fatores colaboram para que essa sensação seja fortalecida, como a trilha sonora que produz no telespectador instantes de agonia e euforia. A fotografia também chama a atenção, pois os efeitos especiais e todo o jogo de luz recriaram um cenário totalmente ligado aos sentimentos de Snowden.

Uma das personagens mais responsáveis por gerar dúvidas e conflitos é Lindsay Mills (Shailene Woodley), namorada do protagonista. Stone fez questão de retratar toda a história romântica dos dois e também de ressaltar as suas diferenças, pois Lindsay é totalmente extrovertida, ama fotografar e, ao contrário do seu namorado, acreditava no liberalismo como a solução de muitos problemas do seu país.

Em aspectos gerais, a obra traz exatamente a indagação do título “Herói ou Traidor?”. Afinal, o diretor não se propôs a julgar os fatos, apenas trouxe à tona o que foi levado às mídias com exaustão. Ele apenas acrescentou e enriqueceu a personalidade do ex-agente que antes era visto quase como uma máquina.

Uma indagação feita após assistir ao longa é o porquê de não se trazer ideias e notícias novas ou não explorar mais o lado da espionagem. O fato é que isso não interfere na proposta que Oliver Stone leva às salas de cinemas e que deve agradar a maioria dos espectadores.

É missão quase impossível assistir aos depoimentos de Edward Snowden sem imaginar o que ele viu e viveu enquanto trabalhava para os Serviços Especiais dos Estados Unidos, como era a vida do garoto prodígio que aos 23 anos estava morando no Havaí com sua namorada, recebendo um salário admirável. E mesmo assim decidiu se voltar contra seu país a fim de revelar grandes segredos.

Vale conferir.

por Ingrid Gois – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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