Crítica: “Talvez uma História de Amor”

O que leva algo / alguém a tornar-se inesquecível? Um grande amor, uma amizade sincera, uma alegria extrema, uma dor incontrolável, um êxito ansiado, uma decepção inesperada?

No caso de Virgílio, protagonista de “Talvez uma História de Amor”, interpretado por Mateus Solano, a resposta é uma grande incógnita – ou um grande ‘talvez’, no sentido mais amplo da palavra.

A trama nos apresenta esse personagem que, ao ter um apego exagerado à rotina, acaba abrindo mão de todo tipo de mudança que possa trazer qualquer novidade à sua vida – seja ela boa ou ruim. Funcionário exemplar de uma agência de publicidade, chega a recusar uma promoção, apenas pelo fato de estar confortável com sua situação atual – que inclui uma mesa coletiva e post-its / canetas devidamente alinhados e o fato de não querer alterar seus formulários de imposto de renda.

Tal calmaria é posta à prova, quando ao chegar em casa, após mais um dia rotineiro de trabalho, Virgílio ouve um misterioso recado em sua secretária eletrônica (sim, ele ainda tem uma, assim como vitrola, videocassete, tv de tubo, celular sem recursos modernos, rádio relógio – e particularmente, mais do que excêntrico, eu acho isso muito legal): uma mulher de nome Clara (Thaila Ayala) pôs fim ao relacionamento dos dois – embora ele não faça ideia de quem ela seja , muito menos de que relação se trata.

A partir daí, a inesperada jornada para encontrar a tal mulher dá o tom ao filme. Divertido, inteligente e, acima de tudo, emocional, o roteiro transita entre várias peças e coadjuvantes que ajudarão a montar o quebra-cabeça mental que dará as respostas a Virgílio, que se apega à percepção de que Clara fez parte de sua vida e que as pessoas que o cercam tiveram contato com ela em algum momento.

Rodrigo Bernardo, que assumiu a tripla função de diretor, roteirista e produtor, consegue se sair bem em todas. Ao não hesitar em fazer uso de alguns clichês que marcaram títulos clássicos dos anos de 1990, e com liberdade para criar em cima da base do livro homônimo (“Peut-être une histoire d’amour”, na versão original) do autor francês Martin Paige, Rodrigo entrega uma história cuja qualidade e interesse se mantêm por toda a duração do longa.

Isso, aliado ao ótimo elenco repleto de participações especiais – incluindo a atriz americana Cynthia Nixon – estar visivelmente satisfeito em fazer parte da produção, é a receita certa para encontrar o equilíbrio entre a comédia e o romance.

O óbvio destaque vai para Mateus Solano cuja interpretação confere diversas – e necessárias – camadas a Virgílio. É fácil perceber o quão rico é o personagem, ainda que por trás dessa “couraça” por ele criada – e muito bem explicada em dado momento. E, apesar de não ser das pessoas mais fáceis de se lidar, o espectador acaba torcendo para que seu final seja feliz.

Esqueça o ‘talvez’: este é, ‘com certeza’, um daqueles típicos filmes que conseguem colocar um sorriso no rosto do público sem dificuldade. Não é exatamente isso que uma boa história de amor faz em nossas vidas?

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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