Crítica: “Um Pequeno Favor”

Assim como quase tudo na vida, para uma obra vendida como suspense ser eficaz, deve contar com elementos que possam oferecer, quando juntos, um resultado que faça jus à expectativa por ela criada. Esse é o caso de “Um Pequeno Favor” (A Simple Favor), adaptação cinematográfica do livro homônimo de Darcey Bell, dirigida por Paul Feig.

A trama conta com duas protagonistas tão interessantes quanto opostas: Emily Nelson (Blake Lively) é uma mulher bem resolvida em todas as áreas – na pessoal, é casada com um homem que a ama e parece satisfeita com seu jeito omisso de lidar com a maternidade; na profissional, é respeitada em seu trabalho (a ponto de bater de frente de maneira bem ofensiva com o chefe e mesmo assim manter-se contratada); e ainda conta com diversos figurinos incríveis, que só acrescentam beleza à sua aparente perfeita vida.

Em contrapartida, Stephanie Smothers (Anna Kendrick) carrega consigo todos os fatores antagônicos: apesar de jovem, já é viúva; não possui trabalho fixo, tendo como principal ocupação o trato da casa e do filho único, além de possuir um canal em que posta vídeos com dicas para as mães – que vão do preparo de cookies a primeiros-socorros em casos rotineiros. Em seu guarda-roupa há espaço para meias com estampa de gatinhos compradas em lojas populares e um conjunto pontuado com bolinhas coloridas que parecem saídas de uma tigela de cereal.

A única coisa que as personagens têm em comum é o fato dos filhos estudarem no mesmo colégio, o que apesar de parecer pouco, será o bastante para dar início a uma inesperada amizade, que culminará no tal pequeno favor do título, quando Emily pede à Stephanie para buscar seu menino na saída das aulas e desaparece sem deixar rastros.

Com o histórico problemático de sua esposa, que inclui o gosto exagerado por martinis no meio da tarde e desaparecimentos anteriores, Sean (Henry Golding) não parece inclinado a enxergar como um problema o sumiço, até que uma sucessão de fatores mostrará que dessa vez a história é bem mais complicada e cheia de ramificações imprevistas.

Para quem no meio das exibições já consegue acertar os finais dos filmes, vale dizer que o enredo consegue ter reviravoltas suficientes para fazer o espectador criar diversas teorias durante os 117 minutos de duração do longa. Quando algo aparenta já ter sido descoberto / resolvido, surge um novo elemento que derruba todas as colocações anteriores e faz com que nossas certezas retrocedam algumas casas no tabuleiro imaginário de investigação.

Eu ainda não li a obra na qual o roteiro de Jessica Sharzer foi baseado, mas depois de assistir ao filme, minha vontade de saber o quão fiel foi a adaptação, aumentou. Imagino que passar por toda a pequena revolução proposta pela narrativa, dessa vez através das palavras impressas no papel, também seja uma experiência envolvente.

Vale conferir.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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