Direto da Toca: Assistimos ao espetáculo “O Tempo e o Cão”

A primeira informação importante que você precisa ter sobre “O Tempo e o Cão” é que ela foge das peças convencionais, onde o espectador apenas observa. Prepare-se para participar do processo de criação, pois como é divulgado pela Cia Teatro Documentário, a temporada consiste na constituição de uma encenação que está inacabada. Então o público é instigado a contribuir com sua opinião ao fim de cada ato e a interagir durante toda a apresentação.

A narrativa relaciona depoimentos sobre quatro animais – um cavalo resgatado de um circo, um cachorro de rua, um leão de um trupe circense e pardais que moram em uma seringueira em um local movimentado, todos de São Paulo – com a vida do homem contemporâneo.

O espetáculo é baseado no livro “O Tempo e o Cão: A Atualidade das Depressões” de Maria Rita Kehl, obra inclusive, que é citada e mostrada em diversas situações ao decorrer da encenação. Outro fato interessante, é que tudo acontece na Vila Itororó, na Bela vista, e todo o espaço do centro cultural é utilizado como cenário.

Tudo tem um tom intimista, podemos observar e absorver os detalhes da criação, não há bastidores, bem, não longe dos olhos do público. Somos recebidos pelo diretor Marcelo Soler, que nos mostra a proposta, e seu discurso nos incentiva a participar.

O elenco é formado por quatro atores: Carolina Angrisani, Danielle Lopes, Gustavo Curado e Márcio Rossi, todos trabalhando em sincronia. Contudo, Márcio se destaca, sua presença, sua voz e sua força são inegáveis e o jovem ator mostra toda sua versatilidade indo do histérico ao melancólico em instantes, tudo com muita naturalidade. Outro ponto positivo para o elenco é que o contato com a plateia acontece naturalmente, e é intenso.

É inegável que em todos os instantes somos pegos analisando o comportamento da sociedade em que estamos inseridos. Questões como machismo, o papel da mulher moderna, o ritmo acelerado em que vivemos, o condicionamento de nossas ideias, tudo isso fica no ar, e a reflexão é inevitável.

A encenação é transmitida em tempo real, pelo Instagram @canteiroabertotempocao, tudo com a ideia de garantir a memória digital, de lá também são captadas contribuições dos espectadores.

Vale lembrar que é graças a Lei de Fomento ao Teatro que o projeto pôde sair do papel. As apresentação acontecem às sextas e sábados, até dia 25 de maio às 18h e são gratuitas, basta chegar com antecedência para retirar a senha. E se você quer viver uma experiência teatral diferente, esse é o seu momento.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Direto da Toca, Teatro

You might like:

Fazenda Futuro: Confira duas receitas para aproveitar os alimentos da estação, junto da chegada do outono Fazenda Futuro: Confira duas receitas para aproveitar os alimentos da estação, junto da chegada do outono
Amazon Prime Video lança filme sobre batalha musical com grande elenco de influenciadores digitais Amazon Prime Video lança filme sobre batalha musical com grande elenco de influenciadores digitais
Crítica: “Evidências do Amor” Crítica: “Evidências do Amor”
Crítica: “A Paixão segundo G. H.” Crítica: “A Paixão segundo G. H.”
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.