Fomos convidados a assistir ao espetáculo “Três Mudanças”, em cartaz no Teatro Itália em São Paulo. Apesar do que indica o título, esta peça promove muito mais do que apenas três mudanças – não só nos cinco personagens, mas também nos espectadores – por tratar de um tema que abrange o cotidiano: relações familiares e também com demais pessoas.
Imagine receber um parente em sua casa que se hospeda sem avisar que viria, ou seja, alguém que invade sua privacidade. Este intruso sutilmente manipula Nathan e Laurel, o casal que mora na residência – mais que isso, neste lar – que aparentemente era “normal”.
Digo “aparentemente” porque, na verdade, há uma crise neste casamento, onde ambos convivem ocultando suas insatisfações. O marido, por talvez ser incapaz de lidar com o desgaste da relação, tem uma “válvula de escape”: uma amante – que por sua vez, quer que ele a assuma, e para isso tenta criar ciúmes nele.
A esposa finge estar tudo bem quando na verdade sabe que algo está errado e tenta conviver com isso, e até imagina a possibilidade de também ter uma relação extraconjugal, baseando-se nesta insatisfação, com o recém-chegado Hal – que é seu cunhado.
Porém, este traz outro intruso para dentro da residência do casal, transformando esta relação conflituosa em uma verdadeira “Torre de Babel”.
A história, apesar de retratar algo sério e profundo, consegue passar de maneira suave e informal – e até com humor – fazendo com que a plateia, enquanto a assiste, envolva-se nas particularidades de cada personagem.
Também consegue fazer com que o espectador veja algo semelhante na vida real, que já tenha presenciado. Tal fato contribui para possivelmente promover, como citado no início do texto, mudanças no público, que vão muito além do palco.
No elenco temos Nilton Bicudo, Renata Becker, Lucas Romano, Bruno Guida e Carolina Mânica, que trouxe a peça para o Brasil, escrita pelo norte-americano Nicky Silver (autor de obras como “Pterodátilos” e “Os Altruístas”), com direção de Mário Bortolotto.
A temporada de “Três Mudanças” segue em cartaz no Teatro Itália até 02 de maio, com apresentações às quartas e quintas-feiras, às 21h.
Crédito das fotos: Julieta Benoit.
por Carlos Alberto Quintino – especial para A Toupeira
