Direto da Toca: Fomos à Coletiva de Imprensa de “Bacurau”

Crédito: Carla Mendes

Na tarde de ontem, 20 de agosto, participamos de um bate-papo com a produção e grande parte do elenco de “Bacurau”, longa-metragem escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Além dos diretores, parte do elenco foi representada por Sônia Braga, Karine Teles, Bárbara Colen, Thomas Aquino e Silvero Pereira.

A obra que já foi premiada com o Prêmio do Júri no Festival de Cannes deste ano e fez a abertura do Festival de Gramado na semana passada é a favorita para representar o Brasil no Oscar. A estreia nos cinemas nacionais acontece em 29 de agosto.

Como já era de se esperar, os diretores foram bombardeados com perguntas sobre as críticas sociais e políticas que estão embutidas em todo roteiro, afinal ao assistir ao filme, fica difícil não associar as situações vividas no vilarejo de Bacurau ao cenário em que estamos vivendo atualmente em nosso país.

Sônia Braga – que faz a personagem Domingas, a médica do vilarejo – como sempre autêntica, deixou claro o seu comprometimento com a arte e com o público. Dedicou sua personagem à Mariele Franco e deixou, mais uma vez, a pergunta no ar “Quem matou Mariele?”.

Apesar das gravações terem ocorrido ano passado, o roteiro vem sendo produzido há quase 10 anos, o que para uns desmistifica, para outros reforça um quê de premonitório cercando a obra.

Kleber Mendonça foi categórico ao afirmar que o longa é sobre resistência pacífica: “As armas em Bacurau estão no museu”. E é possível observar as metáforas sobre resistir pacificamente ao decorrer de todo filme.

Vários elementos da cultura nordestina foram dispostos na trama. É perceptível a carência de diversidade cultural no cinema nacional e a atriz Bárbara Colen comentou o fato: “A ausência de outros sotaques diz muito de um Brasil que não quer se reconhecer, que coloca o homem branco do sudeste como um padrão e que esta é a maneira de se construir e visibilizar os que estão invisibilizados”.

É interessante observar a sintonia de toda equipe, mas o entrosamento entre os diretores é espetacular. Em determinado momento Juliano diz: “Bacurau não é uma invenção…” e Kleber completa: “Bacurau é confirmação”. E quem vai dizer que não é?

“Bacurau” veio em um momento de extrema reflexão, ainda que futurístico, representa um passado não muito distante e um presente inevitável. Confira nossa Crítica Completa na data de estreia.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema, Direto da Toca

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