Especial 007: A era de Pierce Brosnan (1995 a 2002)

A década de 1990 chegou e com ela veio o início da onda de filmes de super-heróis. Em 1992, chegou o famoso “Batman: O Retorno”, com Michael Keaton. Além disso, o mundo teve que “enfrentar” dinossauros em “Jurassic Park” (1993), “salvar” um ônibus de uma bomba em “Velocidade Máxima” (1994) e “ajudar” um garotinho a proteger sua casa de dois ladrões no Natal em “Esqueceram de Mim” (1990).

Mas e o James Bond? Onde estava nesse tempo todo? Pois é, após “007 Permissão Para Matar”, de 1989, o personagem acabou sendo colocado de lado. Tudo por causa de uma batalha judicial que determinava a propriedade dos direitos autorais da franquia. Sem contar que, nesse período de transição que mundo passou logo após o fim da Guerra Fria, foi necessário achar o contexto ideal para encaixar o maior espião do cinema.

Com as pendências jurídicas resolvidas, o produtor Albert R. “Cubby” Broccoli, juntamente com sua filha Barbara Broccoli e enteado Michael G. Wilson, começou a pensar numa nova aventura para o personagem. Sem Timothy Dalton, que preferiu não seguir no papel, ele percebeu que estava na hora do herói voltar para as telonas.

Para isso, era necessário uma trama interessante e um ator experiente. Quanto a trama, o nome já impôs certo respeito, já que tinha o título de “Goldeneye”, justamente para homenagear o nome da antiga mansão que Ian Fleming viveu e escreveu os livros de Bond, localizada na Jamaica. Na nova história, o agente precisa impedir que um poderoso satélite capaz de causar pane no mundo caia em mãos erradas.

E quanto ao ator? O escolhido foi Brosnan… Pierce Brosnan. Vale lembrar que o irlandês teve contato direto com o personagem em outras oportunidades. A primeira foi em 1981, durante as filmagens de “007 Somente Para Os Seus Olhos”, em que foi visitar sua esposa no set de filmagem.

Na ocasião, Roger Moore comentou que via no então jovem colega o seu sucessor no papel. Isso quase aconteceu. Na outra oportunidade, Brosnan foi escolhido para estrelar “007 Marcado Para a Morte”, em 1987, mas teve que declinar por causa de sua agenda profissional.

CHEGOU A HORA!

A coisa foi diferente em 1995, com a chegada de “007 Contra Goldeneye”. Era a hora da estrela esbanjar sua elegância como 007. E não foi nada mal! Trazendo as características mais clássicas do agente secreto, como charme, frieza na hora de matar e sarcasmo, mostrou para todos que James Bond é atemporal, ou seja, é um personagem que se encaixa em qualquer época.

Prova disso é o longa “007 O Amanhã Nunca Morre” (1997), seu segundo na franquia, em que Bond enfrenta Elliot Carver (Jonathan Pryce), um magnata da mídia que manipula seu jornal com notícias criminosas para instalar um clima da guerra entre o Reino Unido e a China. É bem interessante como a obra aborda temas que até hoje são bem importantes e dominam os noticiários atuais, como fake News e o caos que uma instabilidade política proporciona.

Aliás, esse é sem duvida o melhor filme de Brosnan na pele da criação de Ian Fleming. Nesse longa, vemos o ator bem mais a vontade no papel do que em sua estreia, tanto que ele diz suas falas de maneira mais confiante e demonstra plena forma na hora em que precisa lutar contra os inimigos no corpo a corpo.

No entanto, mesmo ainda com algumas inseguranças, o astro conseguiu mostrar que era o Bond certo para o momento, tanto que “Goldeneye” fez grande sucesso na época, muito também por causa da chegada do game baseado no filme para Nintendo 64. Outra curiosidade é que esse foi o último longa do personagem que Cubby Broccoli viu, já que faleceu em 1996 e deixou tudo aos cuidados de Barbara e Michael.

DESPEDIDA 

Como James Bond, Brosnan ainda fez mais dois filmes: “007 O Mundo Não É o Bastante”, que chegou em 1999 e “007 Um Novo Dia Para Morrer”, de 2002, ano em que comemorou 40 anos do lançamento de “007 Contra o Satânico Dr. No”.

A verdade é que a quarta película de Brosnan tinha tudo para ser um presentão para os fãs, já que contava com Halle Berry, a atriz do momento, como bondgirl, e Madonna, a rainha do pop, cantando a trilha sonora. Não foi! O filme se mostrou extremamente exagerado (basta a ver a perseguição de carros no gelo) e totalmente previsível.

Infelizmente, o longa acabou sendo a despedida de Brosnan. Aliás, um adeus melancólico, já que a obra não agradou. No entanto, sua saída não aconteceu por causa disso e, sim, porque Bárbara Broccoli e Michael G. Wilson tiveram que tomar uma decisão difícil: a de trazer novos ares para a franquia, apresentando um James Bond mais compatível com o século 21. Assunto para o próximo texto, quando falaremos sobre Daniel Craig.

De qualquer forma, assim como Sean Connery (década de 1960) e Roger Moore (décadas de 1970 e 1980), Pierce Brosnan se tornou o 007 de uma nova geração, inclusive a deste humilde escritor, tanto que é o mais querido para muitos com a faixa etária dos 30 anos. Com ele, o personagem provou que é atual e que merece continuar vivo, seja no cinema, na televisão ou na literatura.

por Pedro Tritto

*Texto originalmente publicado no site CFNotícias.

Filed in: Cinema

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