Resenha: “Laura Dean vive terminando comigo”

É extremamente gratificante acompanhar a evolução dos quadrinhos no decorrer dos anos. Além do óbvio entretenimento que elas proporcionam, as HQ’s também têm a imensa capacidade de ser o palco para importantes e necessários debates, que ganham tanto força quanto leveza quando expostos em suas páginas.

“Laura Dean vive terminando comigo” é um ótimo exemplo disso. Lançada no Brasil pela Editora Intrínseca, a premiada graphic novel traz em sua bagagem três Eisner Awards nas categorias Melhor Publicação Para Adolescentes, Melhor Roteirista e Melhor Artista.

A trama gira em torno dos altos e baixos do relacionamento de duas jovens do ensino médio. Laura Dean é a garota popular, extrovertida, bonita e divertida, que faz sucesso imediato por onde passa; sua namorada é a muito mais comedida Freddy Riley, que, mesmo após quase um ano de namoro, não sente segurança na relação – por causa da instabilidade da companheira, que, como o próprio título diz, vive terminando com ela.

Conforme nos envolvemos com a história – o que acontece com muita facilidade já nas primeiras páginas – percebemos que, embora haja um nítido sentimento entre as garotas, elas têm perfis muito diferentes e almejam coisas primordialmente contrárias. Freddy quer um relacionamento estável, seguro, enquanto Laura anseia por experiências com outras pessoas, ainda que tenha consciência de que isso pode ferir os sentimentos de sua atual namorada (o que não parece ser um problema para ela).

O que emocionalmente acontece com Freddy a cada término / volta, o quanto isso contribui para seu amadurecimento e como isso amplia seus horizontes em relação ao que esperar de vínculos afetivos. Se esse é o mote central da HQ, outras tramas paralelas, vividas por amigos do colégio de Freddy se fazem tão importantes quanto.

Nas 304 páginas que compõem a edição, há espaço para necessárias reflexões sobre assuntos como LGBTQ+fobia e gravidez / aborto na adolescência. Além de mostrar o quanto um relacionamento amoroso não saudável pode influenciar em vários outros setores de nossa vida e comprometer amizades que nos são importantes.

A obra é em preto/branco/cinza, mas alguns detalhes em tom rosa pálido em suas páginas acrescentam ainda mais beleza às ilustrações de Mariko Tamaki que, aliadas ao excelente texto de Rosemary Valero-O’Connell, não encontram dificuldade em conquistar o público.

Crédito das fotos: Angela Debellis.

por Angela Debellis

Filed in: Direto da Toca, Livros, Quadrinhos

You might like:

Crítica: “Godzilla e Kong: O Novo Império” Crítica: “Godzilla e Kong: O Novo Império”
Crítica: “Instinto Materno” Crítica: “Instinto Materno”
Crítica: “Nada será como antes – A música do Clube da Esquina” Crítica: “Nada será como antes – A música do Clube da Esquina”
MIS celebra 40 anos de “Ghostbusters” com exposição inédita e gratuita MIS celebra 40 anos de “Ghostbusters” com exposição inédita e gratuita
© AToupeira. All rights reserved. XHTML / CSS Valid.
Proudly designed by Theme Junkie.