Um coveiro de capa, cartola e unhas exageradamente longas. Ok. Cenas de tortura física e psicológica e rituais de macumba. Ok. Mulheres em nu frontal e um fiel escudeiro corcunda. Ok. Canibalismo, chuva de sangue e 3.000 baratas. Ok.
Com esses ingredientes ‘básicos’, a trilogia que conta com “À meia-noite levarei sua alma” (1964) e “Esta noite encarnarei no teu cadáver” (1967), finalmente está completa. Estréia nesta sexta-feira, 08 de agosto, “Encarnação do Demônio”, novo filme do “Mestre do Terror”, José Mojica Marins, ou simplesmente Zé do Caixão.
A trama que sofreu algumas alterações para explicar o espaço de tempo de mais de quarenta anos para a realização desta terceira parte, nos mostra a libertação de Josefel Zanatas (José Mojica Marins) após ser condenado à reclusão em um manicômio e na Ala de Saúde Mental da Penitenciária de São Paulo.
O tempo passou, mas a meta de Zé do Caixão continua a mesma: encontrar a mulher dita “superior” que vai gerar seu filho perfeito. E para isso, não poupará esforços, acrescentando a sua infindável lista de atrocidades, seqüestro, tortura e obviamente mais homicídios.
É a primeira vez que assisto a um filme do personagem, mas percebi que o estilo foi mantido, já que este roteiro nos mostra algumas cenas em flashback das produções anteriores. E pelo jeito tem dado resultados, uma vez que há o público fiel que não dispensa o exagero característico do gênero.
Não há nenhuma sutileza, tudo é explícito e é preciso estômago forte para encarar determinadas cenas, como a dos ratos famintos, ou do porco morto, mas para o que o filme se propõe, funciona. Não é à toa que o coveiro sádico de unhas compridas é reconhecido e faz sucesso até no exterior.
No elenco, Jece Valadão, Rui Rezende e Milhem Cortaz. Destaque para a cena do Exorcismo e a livre adaptação de uma oração do Livro Preto de São Cipriano.
Se tiver coragem, confira nos cinemas (mas deixe para comer a pipoca em uma sessão mais leve).
por Lara McCoy
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