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Crítica: “Lilo & Stitch”

Devido não só ao meu trabalho, mas também a uma paixão que começou na infância, eu me tornei uma frequentadora assídua de cinema. E, embora veja inúmeras e variadas produções todos os anos, o sentimento vivido em algumas sessões permanece em minha memória e coração, não importa quanto tempo se passe.

É o caso de “Lilo & Stitch”, animação que chegou às telonas em 2002, com uma proposta um tanto quanto diferente: saem os contos de fadas protagonizados por belas princesas, para a entrada do Experimento 626 – mais tarde chamado de Stitch – um problemático (porém muito fofinho) alienígena criado com objetivos de destruição; Condenado pela Federação Galáctica Unida, ele foge de seu planeta natal e vem parar na Terra.

Aqui, conhece Lilo, uma doce garotinha havaiana, que, após a morte dos pais passa a ser criada pela irmã mais velha, Nani. Ao abrir seu coração ao que, supostamente, seria apenas um cachorrinho sem raça definida acolhido por um abrigo de animais, a jovem protagonista confirmará a importância da família e de manter a quem se ama por perto, sem jamais esquecer ou abandonar. Sim, o significado de “Ohana” continua me fazendo chorar…

Vinte e três anos depois, a adorável história que tanto fez sucesso em sua versão animada (e que continua sendo tema de incontáveis produtos), volta aos holofotes na forma de um live-action dirigido por Dean Fleischer Camp. Inicialmente planejado para ser exibido apenas na plataforma de streaming Disney+, o longa – felizmente – ganhou a chance de estar nos cinemas, o que parece ter sido uma decisão bastante acertada por parte do estúdio.

Com algumas visíveis (e, para minha surpresa, coerentes) alterações / atualizações promovidas por Chris Kekaniokalani Bright e Mike Van Waes no roteiro, o coração da narrativa segue intocado, tendo a amizade, o amor e o respeito como pilares. Talvez o segredo para agradar a audiência não seja tão complicado, no final das contas.

A mudança mais relevante é o bem trabalhado aprofundamento da relação entre as irmãs Lilo (Maia Kealoha) e Nani Pelekai (Sydney Agudong), que agora abarca sonhos e expectativas deixados de lado e faz pensar no quanto isso pode impactar nossas trajetórias e as escolhas que fazemos. É preciso coragem para fazer certas escolhas e ainda mais bravura para enfrentar suas consequências.

Por falar em relacionamentos, a evolução da amizade entre Stitch (voz de Chris Sanders, na versão original e Márcio Simões em português) e Lilo, tal como no material base, diverte e comove na medida certa. Sorrisos e lágrimas dos espectadores se alternam, conforme os dois percebem o quanto têm a aprender um com o outro. Duas figuras tão diferentes que se complementam de modo natural e necessário.

Lembrando que tudo começa como um simples jogo de interesse da criaturinha azul – que vê na proximidade com a criança humana, a oportunidade de se manter seguro e longe das garras de seu criador Jumba Jookiba (Zach Galifianakis) e de Agente Pleakley (Billy Magnussen), designados pela Grande Conselheira (Hannah Waddingham) para realizar sua captura, a fim de levá-lo de volta, com o intuito de cumprir a pena.

Um dos grandes – e justificados – temores dos fãs era a transição dos personagens animados para a versão realista. A boa notícia é que o filme acerta não apenas na questão da trama, mas também no visual: a escolha do elenco humano e a execução detalhada de Stitch são primorosas. E até a ideia de se colocar, na maior parte do tempo, atores para viver Jumba e Pleakley, mostra-se correta, superando o estranhamento inicial.

Fazendo jus a seu enorme potencial, com o equilíbrio entre a reverência à animação e o cuidado ao inserir novos elementos (que acrescentam qualidade, sem menosprezar as ideias originais), “Lilo & Stitch” torna-se um dos live-actions mais encantadores entre todos os já lançados pela Disney. E já nos faz desejar que novas aventuras da amada duplinha sejam produzidas no futuro. Observação: O longa não tem cena adicional, mas tão logo surgem os créditos finais, há uma sequência muito bonita.

Imperdível.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Walt Disney Studios Br.

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