Crítica: “A Estrela Cadente”

Excêntrico, exótico, estranho, disparatado, extravagante… Todos esses adjetivos qualificativos e, seguramente, muitos outros, correspondem para definir o filme belga “A Estrela Cadente” (L’etoile filante). Dominique Abel e Fiona Gordon, diretores, roteiristas e produtores já tinham antecedentes em quatro trabalhos anteriores e criaram este último com as características mencionadas.

Parece correto também classificá-lo como pertencente ao gênero cinematográfico do grotesco, onde há uma oscilação entre o risível e o trágico e que se defronta com o ideal de beleza e sua representação.

Deliberadamente se apresentam personagens, atitudes, situações, onde prevalece o absurdo até chegar, por momentos, ao ridículo. Assim, vai contra a estética tradicional, questionando implicitamente a ordem estabelecida.

Há diversos antecedentes de tal tipo de realizações, em específico no cinema da França (aqui se fala esse idioma, que é um dos oficiais da Bélgica, de onde procede). Citamos, como exemplos que apresentam algumas dessas condições, “Delicatessen” (1991, com co-direção e roteiro de Jean-Pierre Jeunet) e “Amelie” (2001, com o mesmo profissional).

Desde o início, “A Estrela Cadente” transita nesse insólito estilo. Esse é o nome de um bar bastante marginal, onde os personagens estão situados. São eles: Dom, apelidado Boris (representado por Dominique Abel em dois papéis), um garçom/“barman”; Kayoko (Kaori Ito), que dirige o local; Tim (Philippe Martz), uma espécie de associado e Georges (Bruno Romy), que foi vítima de um atentado e procura revanche.

Das consequências de uma ação terrorista efetuada há 35 anos, o protagonista procura fugir. Contará principalmente com a ajuda de Kayoko e a sorte de ter um sósia com quem procurará ser confundido. Porém, o plano não será fácil de ser executado. Também aparecerá Fiona (Fiona Gordon), personagem igualmente excêntrica.

A trama dará lugar a uma série de situações com os traços já mencionados, às quais devem acrescentar-se momentos cômicos. Dependerá do espectador acompanhar e aceitar tudo, em especial a comicidade, mas pode-se dizer que há que ter bastante predisposição para “entrar” no código proposto pelos realizadores.

Isto porque o filme tem um ar peculiar que abrange figuras (sobretudo Dom e Fiona, magros ao extremo e alongados), gestos (por exemplo, uma mão fica levantada indefinidamente depois de bater em uma porta), conceitos (uma detetive que não tem computador e se dedica a encontrar cachorros que sumiram ou a citação do pouco conhecido “Síndrome de Lima”, no qual o torturador se apaixona pela vítima), objetos inesperados etc.

Das atuações, sobressai a de Kaori Ito, em meio a uma série de deslocamentos absurdos e exagerados de propósito e sobre atuados. Justamente ela protagoniza também um par de cenas românticas ou de sedução muito bem feitas.

Na produção destaca-se a música, bem adequada, com trilha original de Dom La Nena e Rosemary Standley e vários temas, incorporados em modo pertinente. Também há alguns achados na fotografia de Pascale Marin. A edição (Julie Brenta) não parece muito cuidadosa, pois há algumas situações pouco compreensíveis.

Em síntese, “A Estrela Cadente” é um título diferente, para um público específico, que procura obras com tramas não convencionais e que se pautam, principalmente, por pertencer ao gênero grotesco.

por Tomás Allen – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Pandora Filmes.

Filed in: Cinema

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