Crítica: “A Justiceira”

Discernir justiça necessária de vingança cega nem sempre é das tarefas mais fáceis, ainda mais quando se trata de uma história envolvendo a dissolução inesperada de uma família, graças a um ato inaceitável de violência.

A trama de “A Justiceira” (Peppermint) é centrada exatamente nessa questão que prega haver uma linha finíssima marcando o que seria válido para fazer justiça com as próprias mãos, quando o sistema que deveria fazê-la mostra-se falho e corrupto.

A atriz dá vida à Riley North, mãe e esposa que testemunha o brutal assassinato de seu marido e filha pelas mãos de traficantes da região – além dela mesma ter quase sido morta pela gangue. Apesar de suas sólidas declarações à polícia e reconhecimento dos bandidos, estes são liberados da prisão sem pagamento de nenhuma pena, após a “ajuda” de um juiz, um promotor e um advogado corruptos, que não se furtam em lucrar com a desgraça alheia.

No aniversário de cinco anos dos crimes e após um intenso treinamento – que, dadas as devidas e óbvias proporções, muito me lembrou do passado por Bruce Wayne na aclamada HQ “Batman Ano Um” – North volta para acertar as contas com quem destruiu sua vida e lhe tirou seus entes queridos. Vingança? Talvez. Justiça? Com certeza.

Possivelmente pelo fato de ter vivido uma protagonista tão forte quanto esta na série ALIAS – Codinome Perigo, Jennifer parece à vontade no papel e, mesmo nas cenas que exigem mais preparo físico, ela convence como a mulher que precisou aprender a sobreviver de maneira bem mais dura e cruel do que quando apenas ia ao parque de diversões para a filha tomar um sorvete de menta (o título original faz menção a isso e, depois dessa percepção, ganha uma profundidade bem maior).

Por mais que a história escrita por Chad St. John e dirigida por Pierre Morel possa parecer pouco inovadora, ainda comporta elementos que, pelo menos a mim, surpreenderam. Mesmo quando determinados personagens já parecem ter definido qual lado lhes parece o mais correto a seguir, ainda é possível perceber que a natureza humana pode ser tão complexa quanto decepcionante – e isso, apesar de óbvio, ainda me choca.

Há boas sequências de embate físico e é visível que North usou esses anos de reclusão para arquitetar um plano em que não há espaço para falhas – pelo menos não no que diz respeito à sua incrível competência em executá-lo.

Nenhuma situação limítrofe deveria ser vista com bons olhos, mas em momentos em que a injustiça, a corrupção e o desamor ao próximo se fazem tão triviais, é interessante assistir a um filme que conta com uma personagem tão forte e decidida em sua luta pelo que acredita.

por Angela debellis

Filed in: Cinema

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