Nos últimos anos, o gênero do terror tem sido revitalizado e aclamado graças a filmes como os do universo compartilhado de “Invocação do Mal” e produções com mais estilo de cinema independente como “A Bruxa”.
Porém, apesar de estarmos vivendo um ótimo momento para os fãs de filmes de terror, muitas obras de qualidade duvidosa vêm nessa leva, e “A Possessão de Mary” (Mary) se enquadra nessa categoria.
A trama do longa dirigido por Michael Goi e roteirizado por Anthony Jaswinski é centrada no casal Sarah (Emily Mortimer) e David (Gary Oldman) e em sua família. Tentando resolver seus problemas conjugais, David adquire um velho barco chamado Mary em um leilão e sai com sua esposa e filhos em uma viagem pelas Bahamas.
Entretanto, longe de ser uma viagem tranquila, em meio ao percurso, os tripulantes começam a perceber que a embarcação é assombrada por uma entidade sinistra.
O que o filme apresenta lembra um clássico conto de casa mal-assombrada, mas dessa vez passado em alto-mar – o que é um elemento muito interessante, afinal, em muitos longas de mansões assombradas, o roteiro tem que fazer malabarismo para justificar o fato da família simplesmente não abandonar a casa. Quando há a substituição da residência por um barco cercado por água de todos os lados, não se tem para onde ir, tornando a incômoda sensação de claustrofobia muito mais intensa.
A má notícia é que o único elemento que parece inovador na produção é esse. Toda a narrativa é inundada por uma enorme quantidade de clichês, como o rosto sinistro em meio à escuridão, luzes que piscam quando a entidade está perto, pessoas enlouquecendo. Isso sem contar os incessantes jump scares que são basicamente o único artifício utilizado para assustar o espectador.
A trilha sonora é previsível e os efeitos especiais são inferiores aos que estamos acostumados a ver em produções de terror, mesmo aquelas de baixo orçamento. Dessa forma, “A Possessão de Mary” acaba por entregar um resultado muito frágil, sem força em sua identidade, com algumas poucas boas ideias, porém, mal desenvolvidas. Nem todo o poder de atuação do sempre fantástico Gary Oldman foi suficiente para melhorar a situação do novo título de terror que chega aos cinemas brasileiros.
por Marcel Kosugi – especial para A Toupeira
*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.