Crítica: “A Primeira Profecia”

A cada ano, acrescentamos títulos à lista de conteúdos de entretenimento que consumimos, entretanto, alguns têm lugar cativo em nossa memória. Assim é “A Profecia”, filme lançado em 1976 e dirigido por Richard Donner, um dos meus primeiros contatos com o gênero terror.

O aclamado longa gerou três sequências (em 1978, 1981 e 1991), um remake (em 2006) e uma série televisiva (em 2016). E, quando tudo parecia ter sido feito em relação à franquia, surge a possibilidade de um prequel que, supostamente, traria explicações a importantes pontos levantados na história original.

“A Primeira Profecia” (The First Omen) é daquele tipo de produção cuja existência, a princípio  parece desnecessária. Mas, logo que o espectador compra a ideia do que é mostrado em tela, percebe o quanto seu acréscimo pode ser relevante à saga de Damien Thorn.

Na trama passada em 1971, conhecemos Margaret (Nell Tiger Free), jovem noviça órfã que, a convite do Cardeal Lawrence (Bill Nighy) – que cuidou dela quando criança – parte dos Estados Unidos em direção a Roma, a fim de confirmar seus votos e tornar-se freira da Igreja Católica. Contudo, antes da cerimônia, ela deverá prestar serviços no Orfanato Vizzardelli, que acolhe, especificamente, meninas.

O local é gerido por Irmã Silva (Sônia Braga), que demonstra pulso firme ao lidar com as internas – em especial, com a problemática Carlita Scianna (Nicole Sorace), que, devido ao seu comportamento agressivo e inconstante, é mantida trancada em dependências separadas das outras garotas.

A pré-adolescente ganha a atenção de Margaret, que demonstra inclinação em ajudá-la de alguma forma – ainda mais quando descobre que ambas partilham do mesmo quadro que provoca uma espécie de alucinações que não aparentam ter sentido.

As peças começam a se encaixar após a conversa da noviça com Padre Brennan (Ralph Ineson) que traz à luz as macabras intenções de um poderoso grupo em promover o nascimento do chamado Anticristo. Parte do que não tinha respostas, torna-se claro, enquanto vários outros pontos ganham ares amedrontadores e obscuros quando confrontados com a verdade.

Essa dualidade torna o roteiro de Arkasha Stevenson (que também está à frente da direção), Tim Smith e Keith Thomas – com base no argumento original de Ben Jacoby – algo muito mais intrigante do que eu poderia imaginar.

Repleto de detalhes – entendíveis por quem não assistiu ao longa de 1976, e infinitamente mais bem aproveitados por aqueles que o conhecem – “A Primeira Profecia” acerta ao manter uma contínua aura perturbadora, através do excelente trabalho de iluminação e fotografia de Aaron Morton, aliado à boa trilha sonora de Mark Korven, e não apenas render-se à facilidade de jumps scares (tão recorrentes em obras atuais).

Os sustos estão presentes de um jeito orgânico, com a nítida intenção de chocar, porém, sem forçar o público a ter uma reação. Cenas que envolvem o subgênero body horror estão entre as melhores e são as que têm maiores chances de permanecerem nos pensamentos dos espectadores, após o término da sessão.

Com a narrativa estabelecida pelas produções anteriores da franquia, a este novo capítulo cabe a tarefa de acrescentar informações para enriquecer o material já conhecido. Para isso, recorre a fatos que alteram certos elementos do cânone, mas que conseguem gerar interesse da plateia, expandindo o universo dominado por Damien Thorne (que, após quase cinquenta anos da primeira aparição, para mim, ainda segue como a criança mais assustadora de todos os tempos).

Surpreendentemente bom, “A Primeira Profecia” merece ser visto nos cinemas.

por Angela Debellis

*Título assistido em Sessão Regular de Cinema.

Filed in: Cinema

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