Crítica: “Arritmia”

Lançado em 2017, “Arritmia” (Aritmiya / Arrythmia) traz um lado da Rússia que talvez poucos brasileiros conheçam. Na obra acompanhamos a vida do jovem casal formado pelo paramédico Oleg Mironov (Aleksandr Yatsenko) e pela médica Katya (Irina Gorbacheva).

Logo de início nos é mostrado que o casamento deles está em crise, devido ao descaso de Oleg com a sua esposa e com o fato de que o paramédico bebe além dos limites, fazendo com que Katya peça o divórcio já nos primeiros minutos da trama.

Eles, no entanto, continuam vivendo juntos no seu pequeno apartamento até que Oleg encontre outro lugar para ficar, mostrando em cena as dificuldades e a tristeza da convivência problemática de um casal em separação – tudo isso com o pano de fundo das dificuldades de suas profissões.

Dirigido por Boris Khlebnikov (que escreve o roteiro junto à Nataliya Meshchaninova) tinha como intenção ser uma comédia, mas mudou drasticamente de tom depois que o diretor passou a pesquisar a vida dos profissionais da saúde. Vale dizer que na Rússia os profissionais da saúde não são bem valorizados.

Acompanhamos o paramédico cada vez mais frustrado com as condições de seu trabalho, principalmente depois da chegada de um novo e cruel chefe, que implementa uma série novas regras que dificultam não só o trabalho de todos os paramédicos, como também colocam as vidas dos pacientes em risco.

Oleg, abatido com a sua situação com Katya, e cada vez bebendo mais em suas horas vagas, desafia continuamente a nova chefia, ignorando as burocracias e tentando fazer o máximo para salvar vidas.

“Arritmia” é um filme interessante, mas que com seu ritmo lento e fotografia crua pode não agradar a todos. Com a montagem, que por vezes lembra documentários, não há nenhuma intenção em romantizar a relação do casal principal, nem a profissão de salvar vidas cotidianamente.

Pelo contrário, Alexander Yatsenko entrega um personagem que ao mesmo tempo em que faz com que o espectador fique ao seu lado durante seu trabalho (cada vez mais sucateado), também estimula a torcida para que a personagem de Irina Gorbacheva se liberte do casamento.

Juntando as confusões com os pacientes, os problemas com álcool e uma visão racional do sistema russo de saúde, Boris Khlebnikov oferece um trabalho catártico e intrigante, ao mesmo tempo em que é positivamente indigesto por toda a realidade colocada em tela.

por Isabella Mendes – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pelo 1º Festival de Cinema Russo.

Filed in: BD, DVD, Digital

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