Crítica: “Cegonhas – A história que não te contaram”

cegonhas-poster-criticaEntre inúmeras fábulas atemporais que permeiam o imaginário infantil, a que mostra a cegonha como responsável por levar os bebês a suas respectivas famílias, em algum momento acaba se revelando grande aliada de pais que não sabem muito bem como explicar às crianças que as mulheres grávidas não engoliram os bebês ou como efetivamente eles foram parar dentro de uma barriga.

Essa é a proposta da adorável animação “Cegonhas: A história que não te contaram” (Storks), que tem como um dos cenários principais, justamente a famigerada “Fábrica de Bebês” de onde as aves pegam as crianças para conduzi-las em seu bico como pequeninos pacotes de entrega, até seu futuro lar. Tudo, como manda a história, começa com uma cartinha enviada a elas, com a solicitação de um novo bebê.

Mas, os tempos são outros e agora a fábrica, que está desativada, deu lugar a um novo e eficiente serviço de entregas rápidas dos mais diversos produtos. Saem os bebezinhos envolvidos em fraldas de pano, entram os celulares e refrigeradores.

O protagonista da aventura é Júnior (voz de Andy Samberg no original e Klebber Toledo na versão nacional), uma jovem cegonha cuja carreira promissora e o cargo de chefia dependem de uma difícil decisão: demitir Tulipa (voz de Katie Crown / Tess Amorim), garota/humana cujo tamanho do coração é proporcional à falta de habilidade para efetuar qualquer tipo de trabalho. A adolescente, prestes a completar 18 anos, foi criada pelas aves, após sua entrega não poder ser efetuada devido à perda dos dados que indicavam o endereço de sua família.

Ao transferir Tulipa para o obsoleto setor de cartas da empresa (cujas transações atuais são feitas basicamente através de dispositivos eletrônicos), Júnior imaginava que ela não causaria nenhum tipo de problema, mas quando uma inesperada correspondência física é entregue no local, algo impensável acaba acontecendo por intermédio da garota: a Máquina de Bebês volta à ativa e produz uma linda menininha. Caberá aos jovens – a humana e a cegonha – levarem a pequenina até seus pais e irmão mais velho – que foi quem mandou a tal cartinha.

É aí que a ação de fato começa e quando conhecemos os personagens mais legais da produção: a alcateia de lobos, cujos diálogos e habilidades de trabalho em equipe garantem a diversão. Destaque também para a impagável luta entre Júnior, Tulipa e um grupo de pinguins, que mesmo já tendo sido vista em partes em um dos trailers pré-divulgados, continua sendo muito engraçada. Vale ainda citar a participação do pouco confiável pombo Luke (voz de Stephen Kramer Glickman / Marco Luque) na parte do elevador, que com texto simples e eficiente, rende boas risadas.

Detalhes. Esse é o segredo para o sucesso da animação. Tudo funciona de maneira eficaz, com cada coisinha mostrando sua importância para o momento, a situação. As sequências finais são de encher os olhos, não só pela beleza – coisa vista durante toda a produção, principalmente nas cenas de voo das aves – mas pela delicadeza em tratar de assuntos importantes e que fazem toda a diferença em nossa vida em sociedade.

Imperdível.

por Angela Debellis

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