Crítica: Deerskin: Estilo Matador

Pode-se dizer que “Deerskin: Estilo Matador” (Le Daim) nada mais é do que uma história um tanto quanto inusitada, se reparar nas pitadas de drama e terror, apresentadas logo no início.

O diretor Quentin Dupieux foi sutilmente idealista ao trazer cenas tão psicóticas e ao mesmo tempo enigmáticas durante o filme.

O protagonista Georges (Jean Dujardin) é um homem de meia idade, com uma personalidade complexa, o que gera alguns questionamentos durante o longa, pois, não é possível identificar quais as suas reais intenções, principalmente por seu olhar, que muitas vezes beira a psicopatia.

O ator Jean Dujardin vive seu personagem de forma tão real, e ao mesmo tempo tão leve, de modo que o vilão e o mocinho passam por sua atuação sem interferir no enredo da história, o que também é muito bom, visando que Georges é um homem misterioso.

A trama gira em torno de uma jaqueta de couro, após Georges comprar a peça em uma loja de estrada, por nada menos que 7000 euros. Sua vida parece não ser mais a mesma, ele passa a agir de forma estranha, parece viver fora de sua realidade e, em alguns momentos ele mostra-se obstinado a algo que talvez nem ele soubesse do que se trata, o que lhe deixa cada vez mais obcecado.

Durante suas andanças pelo interior da França, conhece uma garçonete, Denise (Adèle Haenel) é então que as peças começam a se encaixar. A interpretação da atriz traz humor ao longa que mais parece um thriller silencioso, e sua personagem Denise passa a ser uma chave mestre para Georges e a jaqueta misteriosa.

De maneira orgânica e irreverente, Adèle Haenel ganha destaque no núcleo central da trama, embora tenha acontecido um bom entrosamento com Jean, ela consegue se sobressair mais. Um olhar cheio de ímpeto e muitas contradições: assim podemos definir sua personagem.

A produção acertou em cheio. A trilha sonora é responsável pelo ar de suspense, o figurino meio retrô lembra o velho oeste americano, mas, as paisagens do leste francês dão vida ao imaginário. Marcações quase que imperceptíveis, algumas cenas parecem terem sido feitas pelo próprio Georges, com sua câmera na mão.

Não é de hoje que as produções francesas vêm se reinventando, saindo do clichê romântico e partindo para algo mais cômico e cheio de ação. “Deerskin: Estilo Matador” é um misto de emoções e subjetividade, por ser tão misterioso e carregado de suspense.

Se está em busca de um enigma na tela, essa é uma boa pedida. Vale a pena conferir.

Observação: Inicialmente, o título do filme no material de divulgação nacional era “Deerskin: A Jaqueta de Couro de Cervo”, inclusive no pôster que ilustra essa crítica.

por Pompeu Filho – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Califórnia Filmes.

Filed in: BD, DVD, Digital

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