Passamos por situações na vida que exigem certo tipo de atitude que muitas vezes não teríamos, sejam por questões éticas, políticas, religiosas ou familiares. O drama “Divino Amor” aborda muito a questão da reflexão sobre coisas que para nós parecem habituais e que cruzam a linha do certo ou errado. Será que realmente vale tudo pela fé?
O filme dirigido por Daniel Mascaro (que também é um dos roteiristas ao lado de Rachel Ellis e Lucas Paraizo) conta a história de Joana (Dira Paes), devota religiosa que trabalha como escrivã em um cartório, e que, ao atender casais que estão decididos a se divorciar, dificulta esses processos, tentando convencê-los a se dar uma segunda chance.
Joana tenta salvar o maior número possível de casamentos e espera ansiosamente uma recompensa divina por seus atos, até que sua fé é testada quando seu próprio relacionamento entra em crise.
Apesar do nome, o longa não se refere ao amor entre um homem e uma mulher, mas sim ao relacionamento que as pessoas criam com Deus. A trama faz uma dura crítica ao fanatismo religioso, sobre o quanto e o que, as pessoas fazem em troca de certo tipo de recompensa ou reconhecimento.
Existe uma crítica também à igreja, pelo fato de muitas vezes fechar a porta para alguém que está necessitando, porque julga que essa pessoa seja pecadora, assim como ao Estado, por se dizer laico apenas quando convém a ele.
O elenco é composto por Dira Paes, Júlio Machado, Emílio de Mello, Teca Pereira entre outros grandes atores e atrizes que fizeram uma pequena participação, como Mariana Nunes, e Thalita Carauta. O drama remete ao futuro, já que se passa em 2027, idealizando também novas tecnologias e uma aceitação maior das mudanças na sociedade.
Muita coisa pode parecer natural, outras nem tanto; toda a história gira em torno de uma completa devoção da personagem e toda sua vida é construída no que ela acredita ser o certo, o puro, e que a seu ver é o método correto de se viver, ela não enxerga o porquê de não ter tudo o que pediu a Deus.
“Divino Amor” aborda diversas questões muito significativas, porém, para entender tais abordagens é necessário que as pessoas tenham olhar crítico e mente aberta.
por Victória Profirio – especial para A Toupeira