Crítica: “Dois é Demais em Orlando”

Na sociedade atual, o etarismo tornou-se uma pauta recorrente. Em especial, pelo chamado “Tribunal da Internet” que insiste em validar a atitude de julgar o próximo, assinalando mais limitações do que as que a própria passagem do tempo impõe.

Que bom que, não só na ficção, mas também na vida real, existem pessoas como João – personagem de Eduardo Sterblitch em “Dois é Demais em Orlando”, comédia nacional dirigida por Rodrigo Van Der Put que chega aos cinemas.

Na trama, João trabalha como editor de vídeos para um canal de culinária. Acostumado desde criança a frequentar Parques de Diversão com o pai (a quem perdeu ainda garoto), ele leva consigo o gosto por tal passeio, sem deixar que a chegada à vida adulta tire o brilho de seus olhos, ao falar da realização de um sonho há muito acalentado: conhecer os Parques da Universal, em Orlando.

Com tudo certo para fazer a referida viagem, o protagonista se vê diante de um inesperado pedido: sua chefe Clara (Luana Martau) – às voltas com mudanças drásticas no canal – não poderá levar o filho, Carlos Alberto (Pedro Burgarelli), para encontrar o pai, Ricardo (Anderson Di Rizzi), na data marcada. Ela precisa que o editor fique como responsável por esse encontro em terras americanas.

A dupla formada de repente não poderia ser mais incompatível: embora adulto (que sabe ser maduro quando precisa, tem emprego estável e bom senso de responsabilidade), João continua tendo alma pura de criança e não se envergonha disso, tratando icônicos personagens de cinema como se fossem reais – e não apenas atores com fantasias ou bonecos animatrônicos.

Enquanto o garoto Carlos Alberto – prestes a completar 12 anos e no auge da aceitação alheia que a pouca idade nos proporciona – parece ter criado uma barreira que o impede de ter amigos ou encontrar diversão nas coisas simples (e que, normalmente, são as que mais importam).

O resultado dessa reunião pode soar como previsível – e talvez até seja em partes – mas a verdade é que o roteiro de Daniela Ocampo e Luiza Yabrudi ainda tem espaço para a tomada de algumas decisões brilhantes, que levam a narrativa a caminhos que aumentam os atributos do que poderia ser apenas mais um, entre tantos filmes que mostram adultos e crianças com comportamentos distintos, e que compartilharão lições de vida.

Mas, o grande mérito de “Dois é Demais em Orlando” é seu viés cômico – presente até mesmo nos momentos mais emocionais da obra. A simplicidade dos textos e dos acontecimentos contribui para nos aproximar, de maneira crescente, do que é mostrado em tela.

Nesse ponto da comédia de qualidade, destacam-se também as participações de Estevam Nabote e Polly Marinho, que interpretam Nelsinho e Maristela, colegas de trabalho de João.  Além de Daniel Furlan, que faz de seu personagem – o insuportável dentista Anderson Cabelo – uma das figuras mais engraçadas do longa.

Vale a pena conferir.

por Angela Debellis

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela H2O Films.

Filed in: Cinema

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