Crítica: “Dunkirk”

Se tivesse que resumir o novo trabalho do diretor Christopher Nolan em uma só palavra, esta seria “grande”. Não por sua duração (que nem é tão extensa assim, com seus 107 minutos), mas pela maestria com que é exibido na tela.

O título de “Dunkirk” refere-se à cidade portuária francesa onde se passa a ação do longa. No local, durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 300 mil soldados ingleses e aliados esperavam por um resgate que acabou acontecendo de maneira inusitada, e que de fato mereceu entrar para a história.

Com a dificuldade de se chegar com navios gigantescos à praia rasa em que a tropa se encontrava, restava apenas uma ideia incomum: solicitar ajuda aos civis, que com seus barcos domésticos – e menores – teriam mais chance de êxito ao dirigir-se ao local.

Nesse compasso de incerteza e espera, os soldados vivenciaram momentos de puro terror com ataques vindos principalmente do ar, através de aviões nazistas que visavam não apenas impedir a retirada dos homens, mas a morte do maior número possível deles.

Esse sentimento de perplexidade é partilhado com a plateia, principalmente através de recursos sonoros – há quem possa até mesmo sentir-se incomodado com a repercussão de sons de tiros e explosões de bombas, tal sua eficácia em imergir os espectadores na ação.

Sem a necessidade do 3D, mas com a excelência do IMAX, o longa ganha ares épicos do início ao fim e mostra que não há nada que seja compatível com os horrores da guerra: A batalha aérea travada entre ingleses e alemães tendo como fundo o céu de um azul impecável; homens morrendo de sede, enquanto se veem cercados por um mar cujo fim não se pode enxergar.

Quase não há texto, apenas para nos situar em alguns momentos chave. Mas, cada frase dita tem a precisão necessária para se tornar suficiente. O que impera mesmo são os sons e o primor de mais uma trilha de Hanz Zimmer, que consegue, a cada nota tirada das cordas dos violinos, conferir a dose exata de urgência às cenas.

Quando os créditos sobem, é difícil ainda manter-se impassível em relação à história (que tem importância amplificada ao lembramos que o filme é baseado em fatos reais), à expectativa, à ânsia de cada soldado em voltar para casa ao mesmo tempo em que temem ser desprezados pelo povo pela desistência em manter-se no campo de batalha.

E ao término da sessão para a imprensa, foi curioso notar que opiniões normalmente já despejadas aos borbotões, deram lugar ao silêncio de boa parte dos jornalistas. Talvez tenha sido um momento (necessário, diga-se de passagem) de reflexão. Obrigada, Nolan.

Imperdível.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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