Crítica: “Kin”

Em um ano no qual a adaptação cinematográfica do livro “Jogador Nº1” fez bonito entre os fãs da obra original, muito me animou o estilo do material de divulgação de “Kin”, com sua aparente pegada “futurista”, mas com carinha das adoradas e marcantes produções da década de 1980.

O filme dirigido por Josh e Jonathan Baker – também criadores da ideia original – é baseado no curta “Bag Man” de 2014. A trama nos apresenta o jovem Eli (Myles Truitt), filho adotivo de Hal Solinski (Dennis Quaid), trabalhador honesto que após a morte da esposa passou a cuidar sozinho do menino, com quem tem uma boa convivência – apesar da rigidez que impõe à sua educação.

A família é formada também por Jimmy (Jack Reynor) que tem sua liberdade concedida após cumprir pena de seis anos de prisão. O relacionamento entre pai e filho biológico está longe de ser tranquilo, justamente por causa da disparidade de opiniões e condutas de ambos.

Com um início mais lento, centrado no drama familiar, a produção começa a ganhar ritmo quando, após o desfecho mal sucedido da tentativa de pagamento de uma dívida contraída por Jimmy com traficantes da região – comandados por Taylor Balik (James Franco bem diferente do que estamos acostumados a ver), ele e o irmão caçula caem na estrada e acabam enfrentando diversas situações que vão de questionáveis a comoventes.

Tudo, é claro, com a participação ativa de uma espécie de arma de origem desconhecida, encontrada por Eli em uma de suas incursões em busca de sucata a fim de tirar um dinheiro extra para complementar a mesada que recebia de seu pai. A capacidade de destruição de tal objeto é descoberta aos poucos e rende cenas com bons efeitos visuais – ainda que possa haver certo estranhamento em ver um garoto tão jovem empunhando o artefato.

Por falar em efeitos, eles são utilizados com eficiência apenas na parte final do longa (e por “final” entenda-se nas últimas cenas mesmo), o que é uma pena, já que quando o roteiro envereda para a ficção científica, ele se torna interessante o suficiente para retomar a atenção do espectador – que pode ter sido perdida em algum ponto do caminho até aqui.

Com clara intenção de ser o primeiro capítulo de uma franquia futura, “Kin” parece ter tencionado fazer demais com um material bastante limitado. Ao não conseguir definir qual rumo tomar – se o bem-aceito / clichê drama familiar, a ação básica ou a boa e velha ficção científica -, o longa oferece ao público uma experiência cuja sensação é de ter um potencial explorado de maneira mais rasa do que poderia.

Pessoalmente, eu gostaria de saber os fatos subsequentes ao final da história apresentada pelo filme. Mas tenho a impressão de que, apesar de contar com Michael B. Jordan na produção executiva, este, assim como outros tantos títulos que também tentaram tornar-se partes de sagas de sucesso, pode ser mais um a não conseguir o aval do público e bilheteria suficiente para ganhar um novo fôlego em uma possível sequência.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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