Crítica: “Ligação Sombria”

Nicolas Cage retomou uma produção frenética de filmes, com uma obra nova estrelada por ele quase a cada dois meses, resultando em material com qualidade bem variada, mas que dá pra sempre contar com momentos de diversão fornecidos pelos personagens marcantes que ele faz.

Em “Ligação Sombria” (Sympathy for the Devil), um trabalhador comum, sem nome definido (Joel Kinnaman) está a caminho para o hospital onde sua esposa está prestes dar à luz quando é sequestrado um assassino mercenário – também sem nome (Nicolas Cage), com planos desconhecidos.

A narrativa escrita por Luke Paradise resulta em um trailer de suspense que ocorre ao longo de uma única noite. De um lado, o motorista tentando escapar e descobrir qual a lógica por trás de tudo.

Do outro, o assassino que vai nos revelando pouco a pouco seu passado, motivações e surtos sanguinários, quando vê qualquer um tentar exercer alguma autoridade sobre ele.

Já usada anteriormente em diversos filmes, é a ideia central é a da pessoa tentando escapar de um louco justiceiro em um ambiente confinado, neste caso, um carro em movimento.

A história por si só é bem previsível, sendo os destaques a construção de clima de tensão. Graças à atuação de Cage e as sequências de ação nas tentativas de fuga, somadas à dinâmica de um conflito de um grande incêndio – cuja fotografia de Steven Holleran reforça muito a visão pessoal que o mercenário tem de si mesmo como um mensageiro do inferno.

O assassino se coloca como uma mescla de enviado divino e o diabo em pessoa, com dicas suaves sendo colocadas, até vermos a revelação como sua mente se desintegrou. Seu figurino extravagante combina com a atuação corporal que transmite a sensação de um poço de fúria prestes a estourar a qualquer momento.

O título em português já entrega que há uma ligação (real ou imaginária) entre o passado de ambos os protagonistas, enquanto o título original “Simpathy for the Devil” tem duas camadas de significado: a música clássica dos Rolling Stones – justamente sobre a presença do demônio ao longo da história, que nos remete a certos acordos que deram muito errado no passado dos personagens; o outro sentido se dá pela empatia, em certo grau, que desenvolvemos por uma figura sombria, à medida que conhecemos sua história.

No geral, meu sentimento em relação a “Ligação Sombria” é o mesmo dos filmes de policiais genéricos, mas divertidos que, quando adolescente, alugava nas locadoras de VHS ou assistia à noite na TV Globo.

Para os fãs de Nicolas Cage, esta é uma obra válida de se ir ao cinema, afinal, o ator tem um personagem inédito bem interessante, papel para o qual ele mergulha em interpretação. Contudo, se alguém busca um trailer policial, encontrará apenas uma diversão bacana para passar o tempo.

por Luiz Cecanecchia – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.

Filed in: Cinema

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