Ancestralidade, de acordo com o dicionário, substantivo feminino Particularidade ou estado do que é ancestral que se refere aos antepassados ou antecessores. O que se recebeu das gerações anteriores; hereditariedade. É em torno disso que gira a trama de “Minha Lua de Mel Polonesa” (Lune de Miel), que tem roteiro e direção de Elise Otzenberger.
Para Anna (Judith Chemla), a busca por suas raízes é uma necessidade. A jovem mãe sente a necessidade de estar à frente das situações e controlar os que estão a sua volta. Apesar de saber que sua avó é judia, ela não tem mais nenhuma informação sobre sua origem, pois sua mãe jamais falou sobre o assunto.
Enquanto isso, Adam (Arthur Igual) não se empolga muito com a ideia de ir a uma celebração acerca do extermínio dos judeus poloneses, contudo ele está feliz por retomar a vida de casal, afinal desde o nascimento do pequeno Simon é a primeira vez que ficaram sozinhos, enquanto os pais de Anna cuidam do bebê.
O longa é repleto de detalhes visuais, o apartamento do casal é cheio de fotografias, o que faz alusão à nostalgia, casa de avó talvez. As locações são extremamente bonitas, um verdadeiro tour pela Polônia.
São feitas várias referências à Segunda Guerra Mundial, identificamos a todo instante elementos que remetem ao Holocausto e aos sobreviventes – estranhamente, de uma maneira leve, afinal esse não é o tema central do roteiro.
Com toda delicadeza de produções francesas somos guiados até descobrir que o drama central não é entre o casal e suas infinitas divergências, mas vai muito além, Anna precisa curar feridas muito maiores e talvez Adam não consiga ajudá-la nessa tarefa.
Apesar de não haver nada que desabone a obra, também, não há nada que a torne extraordinária. É um filme direto, simples, sem grandes emoções, porém de alguma forma cativa, e nos pegamos querendo descobrir a história de Anna junto com ela.
Um longa para se assistir com coração leve, uma comédia que não arranca gargalhadas, mas traz alegria.
Vale conferir.
por Carla Mendes – especial para A Toupeira