Um crime atribuído à máfia italiana, que ficou famoso não só pelo objeto que foi alvo de subtração, mas também pela eficiência com que foi executado. Em 1969, Palermo na capital da Silícia foi palco do roubo de “Natividade com São Francisco e São Lourenço”, obra pintada pelo italiano Michelangelo Merisi – que ficou conhecido como Caravaggio – em 1609.
Para causar ainda mais impacto no que diz respeito ao mundo das artes, a pintura de dimensões imensas (2,68 metros de altura por quase 2 metros de largura) foi levada sem que restasse nenhum vestígio ou dano. No espaço do Oratório de São Lourenço em que se encontrava, apenas uma moldura vazia foi deixada – desde 2015, preenchida por uma cópia digitalizada, em substituição à original cujo paradeiro permanece desconhecido.
A surpreendente história serviu de inspiração para o suspense italiano “O Caravaggio Roubado” (Una Storia Senza Nome), dirigido e roteirizado por Roberto Andò, que leva às telas uma trama baseada neste que ainda figura entre os dez maiores casos não solucionados relacionados a crimes de arte do FBI.
Valéria (Micaela Ramazzotti) trabalha como “Ghost Writter” (“Escritora Fantasma”), realizando trabalhos assinados pelo roteirista Alessandro Pes (Alessandro Gassman) – por quem é apaixonada – cujo bloqueio criativo o impede de escrever novos textos há mais de uma década.
A vida da jovem tem uma guinada quando, certo dia, através das mãos do policial aposentado Alberto Rak (Renato Carpentieri), ela tem acesso a informações misteriosas em forma de um roteiro denominado “Uma História Sem Nome” (que é justamente o título original do filme), que possui como mote principal o tal roubo da obra de arte.
Com a clara tentativa de se firmar como suspense, o longa por vezes derrapa ao apresentar elementos de paródia. E ainda que a narrativa seja prioritariamente voltada para o sumiço do quadro, ela tem seu interesse enfraquecido ao inserir subtramas que pouco oferecem de mais cativante à plateia.
Se por um lado “O Caravaggio Roubado” peca com um roteiro que poderia ser mais bem explorado, como ponto positivo, existe um bom apuro técnico que tem como resultado sequências passadas em paisagens atrativas e com a utilização de um figurino bem condizente com os anos de 1960, o que significa que há detalhes a serem admirados pelos espectadores mais atentos.
por Ana David – especial para A Toupeira