Com um humor francês afiado e ao mesmo tempo crítico, “O melhor esta por vir” (Le meilleur reste à venirse) chega aos cinemas brasileiros sob a forma de uma comédia divertida e engraçada, mesmo tratando de um tema tão triste como o diagnóstico de um câncer.
A trama do filme se inicia quando César (Patrick Bruel), um sujeito impulsivo e inconsequente, acidentalmente cai de sua sacada e busca a ajuda de seu amigo neurótico e metódico, Arthur (Fabrice Luchini) que tem formação em medicina.
Passando-se por Arthur para não pagar o plano de saúde, César faz uma radiografia e, por meio dela, o médico descobre que seu amigo esta com câncer terminal. Sem saber como revelar a verdadeira situação, Arthur explica o diagnóstico de forma confusa, o que leva César a acreditar que na verdade quem está com câncer é seu amigo doutor.
Em meio a essa confusão, temos um desenvolvimento sensível e divertido da trama. O humor em certos momentos é exagerado, porém esse é um pequeno deslize dentre tantas situações eficazes que o longa apresenta, e em grande parte o humor da película só funciona pela química que tem entre os dois protagonistas.
César e Arthur são completamente opostos, o que torna sua amizade improvável aos olhos de qualquer um. Entretanto, ao se depararem com a mortalidade do outro, passamos a enxergar como essa relação é importante para ambos.
No decorrer da narrativa, vemos os personagens fazendo o que mais gostam, colocando-se em situações inusitadas e, principalmente, enfrentando seus medos para cumprir o que acham ser o ultimo desejo de seu melhor amigo.
Dirigida e roteirizada por Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, a comédia dramática não tenta reinventar a roda. Já vimos alguns longas hollywoodianos com tramas semelhantes (envolvendo diagnósticos de câncer), como por exemplo, “Fanboys”, “Antes de Partir” e até mesmo “A Culpa é das Estrelas”.
Porém, o humor francês que em muitos momentos lembra “Intocáveis”, dá um tempero diferenciado a esse prato tão comum. Pode-se dizer que “O melhor esta por vir” é um “feijão com arroz” dos títulos de doença terminal, mas é tão bem feito, que dá gosto de saborear.
por Marcel Melinsky – especial para A Toupeira
*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.