Crítica: “O Pintassilgo”

Vencedor do Prêmio Pulitzer de Ficção em 2014, da Medalha Andrew Carnegie de Excelência em Ficção e com uma história ricamente detalhada, “O Pintassilgo” (The Goldfincher), best-seller escrito por Donna Tartt, chega aos cinemas com a missão de encontrar o equilíbrio entre agradar quem não conhece a obra na qual se baseia e quem tem o livro como a joia literária que ele é.

A trama gira em torno de Theodore “Theo” Decker (Oakes Fegley / Ansel Elgort), garoto de 13 anos que vê sua realidade mudar de maneira drástica após um atentado a bomba no Metropolitan Museum of Art, localizado em Nova York – cidade em que vive com sua mãe Audrey (Hailey Wist), após seu omisso pai abandoná-los repentinamente.

Durante o caos instaurado pelo evento e ainda entre os escombros do que antes eram salas que comportavam importantes obras de arte, Theo conhece Welty (Robert Joy), enigmático senhor que lhe orienta de forma bastante incisiva a levar consigo um pequenino e aparentemente simples quadro de autoria do pintor Carel Fabritius, denominado “O Pintassilgo” – obra esta que era a favorita de sua mãe, que não resiste às lesões e perde a vida no atentado.

Por não ter nenhum parente próximo que possa se responsabilizar por sua guarda provisória, o menino é encaminhado à residência dos Barbour, família abastada e influente, cujo filho Andy (Ryan Foust) é amigo próximo do protagonista.

O requinte ganha forma na presença de Nicole Kidman que dá vida à Samantha, matriarca da família. Ainda que de modo mais formal – e até levemente distante (com um interesse próprio de se destacar como filantropa perante a sociedade), ela acolhe Theo como um dos seus, embora algumas de suas atitudes possam ser bastante questionáveis.

Nesse tempo, o jovem segue orientações passadas por Welty, pouco antes de seu falecimento e encontra um antiquário gerenciado por James “Hobie” Hobart (Jeffrey Wright) – o outro sócio do estabelecimento – e onde vive Pippa (Aimee Lawrence / Ashleigh Cummings), garota que atraiu a atenção de Theo durante a visita ao museu. Junto a ela, perceberá que traumas (sejam físicos ou emocionais) podem ter forças o suficiente para marcar alguém pelo resto da vida.

Mas, ao contrário do que muitos acreditam, imprevistos nem sempre trazem consigo bons resultados e após um tempo, Larry (Luke Wilson), pai de Theo reaparece para levá-lo para morar com ele e sua nova companheira Xandra (Sarah Paulson) em Las Vegas, sem nenhum traço de genuína preocupação com o bem-estar do jovem.

É nesse novo cenário que conhece Boris (Finn Wolfhard / Aneurin Barnard), garoto de origem ucraniana que não tem nenhum pudor em tratar de assuntos como drogas e álcool e que acaba se tornando uma peça-chave na história de Theo – ainda que isso só venha a se tornar claro muitos anos depois do início de sua amizade.

O roteiro transita por toda a narrativa entre as fases pré-adolescente e adulta de Theo, o que faz com que o espectador tenha uma visão ampla de como o atentado e a morte de sua mãe tiveram importância na formação de seu caráter e na tomada de muitas decisões – nem todas tão boas assim.

Ainda que o texto fique longo e o filme dirigido por John Crowley tenha 150 minutos de duração, não parece possível arrebanhar todos os detalhes que fazem de “O Pintassilgo” um livro que merece ser premiado, afinal são 728 páginas que talvez merecessem ter sido adaptadas em um minissérie para que pudéssemos acompanhar com mais calma a trajetória de Theo e dos demais personagens secundários que fazem parte da história – e que acabam tendo pouco tempo de tela.

De qualquer modo, a essência da obra foi mantida e que faz dessa adaptação cinematográfica algo a ser apreciado por quem procura por uma opção que leve a – necessárias e importantes – reflexões.

Vale muito conferir.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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