Crítica: “O Último Lance”

Se há uma palavra para definir o longa finlandês Tuntematon Mestari, dirigido por Klaus Härö, trazido para o Brasil como “O Último Lance”, é sutileza.  A forma com que são abordadas relações familiares desgastadas, rebeldia adolescente e a impotência perante a morte de um sonho, poderia tornar o filme apenas mais um, na lista de vários clichês, mas não é o que acontece.

O roteiro de Ana Heinämaa traz a história de Olavi (Heikki Nousiainen), um comerciante de obras de arte que observa sua galeria, à qual dedicou a vida, prestes a fechar as portas. Sendo vencido pelo tempo, concorrência e até mesmo pelo cansaço.

O especialista em arte, não se relaciona com sua filha Lea (Pirjo Lonka) há muitos anos, e se vê obrigado a aceitar o neto Otto (Amos Brotherus) em sua loja. O garoto de 15 anos é petulante e teimoso, características que o assemelham ao avô, e só está ali em busca da assinatura em sua carta de estágio.

O drama ganha um novo rumo quando Olavi encontra em um leilão um quadro sem assinatura, que ele acredita ser de Ilya Replin – um grande nome do realismo russo – começa a girar em torno de provar a autenticidade da obra e a compra da pintura se torna uma obsessão. Olavi fará o impossível para levantar a quantia necessária.

A parte estética do filme é excelente, o cenário da loja remete ao passado. A ausência de tecnologia, a infinidade de molduras espalhadas pelo chão, os quadros pendurados nas paredes, a composição dá uma estranha sensação de que aquilo realmente está chegando ao fim.

A trilha sonora possui composições do pianista Matti Bye e atribui uma pitada a mais de emoção a cenas importantes do longa. Outro fator interessante são os pequenos sons ambientes, como o de um suspiro, passos lentos, o mastigar, tudo isso nos faz sentir como se estivéssemos de algum modo partilhando da solidão dos personagens.

Vale ressaltar que não é a primeira vez que Klaus Härö e Ana Heinämaa trabalham juntos, a dupla já se encontrou antes, em “O Esgrimista” filme que rendeu uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”.

Klaus consegue transformar um roteiro relativamente simples, sem grandes dilemas e com atores medianos em brilhante, por meio da construção de personagens e pela caracterização de tempo e espaço. Com certeza este é um filme que vale assistir calmamente e se encantar com os seus pequenos detalhes.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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