Crítica: “O Vendedor de Sonhos”

o-vendedor-de-sonhos-poster-criticaNum mundo em que a falta de empatia com o próximo tornou-se algo trivial para muitos, há de se ter muita coragem para abrir o coração e deixar-se expor aos olhos de quem se mostra cada vez menos receptivo. A constatação é triste, porém verdadeira: o “ser humano” – de forma genérica – não se importa com o sofrimento alheio.

Baseado no best-seller homônimo de Augusto Cury, “O Vendedor de Sonhos” leva para os cinemas os ensinamentos de “Mestre” (César Troncoso), personagem que, apesar de tudo e todos, ainda consegue enxergar o lado bom das pessoas – mesmo quando essa não é uma tarefa das mais fáceis.

A trama é focada em Júlio César (Dan Stulbach), renomado psicólogo que, em um momento do mais genuíno desespero, decide colocar um ponto final em sua vida, atirando-se do parapeito da janela de seu consultório, localizado no vigésimo primeiro andar de um chamativo edifício.

Indo de encontro à desistência de outro psicólogo em persuadir o pretenso suicida e à atitude dos transeuntes desconhecidos que se esquecem de seus próprios afazeres para ficarem à espera de um corpo estatelado no chão, o Mestre não hesita em tentar ajudar Júlio, com a surpreendente proposta de lhe vender “uma vírgula” para que possa continuar escrevendo a história que pensava em encerrar de maneira abrupta.

Esse é o ponto de partida da trama que mostra como as palavras são poderosas e a necessidade latente em sabermos como e quando usá-las. Ao lado do alcoólatra em recuperação Bartolomeu “Boquinha de Mel” (Thiago Mendonça) e do ex-ladrão Dimas “Mão de Anjo” (Kaik Pereira), a inusitada dupla formada no alto do arranha-céu sai em busca de pessoas que precisam de algo cada vez mais em falta na sociedade: atenção.

Essa caminhada inclui as mais diversas paradas: visita a um asilo, palestra em um cemitério, discurso no velório de um desconhecido. Coisas que quando descritas em um texto podem parecer desconexas ou sem sentido, mas que juntas acabam sendo elos de uma mesma corrente.

Quem leu a obra na qual o longa se baseia ficará encantado ao perceber que muitas passagens foram levadas às telas com extrema fidelidade – inclusive em seus diálogos. Outras, que são temas de capítulos inteiros, acabam sendo apenas citadas ou lembradas em alguma cena rápida, mas até mesmo essa necessária adaptação não fere o texto original. O que senti mais falta foi a canção/poema tão marcante e que tão bem descreve o Mestre.

O final traz uma sequência inédita que consegue dar um sentido ainda maior ao enredo. E, ao lado da opção de se mostrar em flashbacks durante todo o filme, os acontecimentos que levaram um multimilionário a tornar-se um morador de rua, são as grandes surpresas da versão dirigida por Jayme Monjardim.

Para ver de mente, e principalmente coração, abertos.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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