Crítica: “Papicha”

“Papicha”, dirigido por Mounia Meddour, conta a história de Nedjima (Lyna Khoudri), uma jovem estudante de moda que vive na Argélia, durante a década de 1990, uma época difícil, em um país marcado não só pela guerra civil, mas por conflitos internos determinados pela religião.

Nedjima se recusa a deixar que os ataques abalem sua vida, decide lutar pela liberdade de expressão e pela independência das mulheres. Ela então organiza um desfile com a ajuda de suas amigas, como um marco progressista em suas vidas.

Particularmente, esse foi um filme que me deixou muito emocionada, porque apesar de se passar em uma outra década, ele ainda é muito atual. O foco principal é abordar o machismo e a intolerância, dois fatores pelos quais as mulheres lutam incansavelmente, até hoje.

O maior confronto exibido no longa não se passa necessariamente na guerra, ele acontece na própria esfera social. Nedjima está se graduando em moda, ela possui uma visão liberal e inovadora sobre o futuro das mulheres – a personagem acredita no poder de escolha, e principalmente na igualdade de gênero. Acontece que esse pensamento é motivo de repúdio e retrocesso por grande parte da população.

Não é segredo que muitos países muçulmanos ainda não permitam que a mulher faça parte integral de uma sociedade, entretanto, naquela época não havia muitos questionamentos sobre isso. O longa apresenta algumas cenas revoltantes sobre as ondas de ataques terroristas cometidos no país e que são coordenados por um grupo feminino.

O conflito discutido até esse ponto se refere ao uso do hijab (vestimenta típica das mulheres muçulmanas), o qual a protagonista se recusa a usar – acontece que em meio a uma guerra e um regime de governo totalitário, isso não é uma opção. Atos que parecem inofensivos e que deveriam representar uma visão futurista, acabam se tornando uma afronta para aquelas que foram doutrinados pela lei dos homens.

Apesar do país se afundar em um caos ocasionado pela intolerância, a produção fez questão de enriquecer pontos positivos na protagonista, como destacar sua ingenuidade, mas conseguir mesclar isso com suas metas para atingir seus sonhos. Além disso, o filme destaca fortemente o conceito de sororidade e feminismo em seus diferentes aspectos.

por Victória Profirio – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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