Depois do (inesperado?) sucesso de seu antecessor – lançado em 2023 e que chegou ao Brasil direto no streaming – “Quando a Morte Sussurra 2” (Tee Yod 2 / Death Whisperer 2) estreia nos cinemas com a missão de ser tão surpreendente quanto o primeiro capítulo.
Taweeewat Wantha repete o trabalho como diretor, a partir do texto de Sorarat Jirabovornwisut (também responsável pelo longa anterior) e Palapon Pongpat, e mostra-se bem mais ambicioso / corajoso, o que aproxima a produção de títulos renomados do gênero terror, mas, por outro lado, diminui o impacto de sua proposta.
A trama se passa em Phrom Phiram/ Tailândia, em 1975 – três anos após os acontecimentos mostrados previamente. Vemos que, por mais que procure seguir em frente, a família de Yaem (Rattawadee Wongthong) ainda não está recuperada de sua partida precoce.
Isso fica bem claro pela mudança de comportamento de seu irmão mais velho, Yak (Nadech Kugimiya), que se torna uma espécie de caçador de bruxas, cujo único objetivo é destruir a entidade que trouxe tanta dor a seus entes queridos.
Para tal empreitada, contará mais uma vez com a providencial ajuda de Sargento Paphan (Ongart Cheamcharoenpornkul) e de novos coadjuvantes, com trajetórias, de alguma maneira, ligadas ao mesmo mal secular.
Juntos, eles embarcam em uma missão de busca no coração da floresta Dong Khamod, antro de seres demoníacos conhecidos como ghouls. O local supostamente teria a resposta sobre como acabar com a temida “Mulher de Preto” – que devorou Yaem e parece disposta a continuar atormentando a família da jovem.
A narrativa tem importantes detalhes referentes às figuras sobrenaturais contados através de flashbacks – o mais antigo, com eventos ocorridos em 1854, exibidos na sequência inicial que oferece um dos momentos mais impactantes da obra.
Mas, a ação propriamente dita ocorre durante os preparativos da cerimônia de casamento de Yard (Jelilcha Kapaun). Nesse ponto, elementos clássicos como corredores desertos de um hotel, sangue em profusão e alucinações que põem a sanidade dos personagens em dúvidas ajudam a compor a aura de apreensão.
Como é sabido, a possessão por entidades malignas não é um assunto inédito, contudo, segue explorado na indústria do entretenimento, em graus que variam de muito competentes a absolutamente descartáveis. Aqui, a batalha de Yak contra o mal perde parte de sua força ao ser representada de um jeito tão “seguro”, utilizando recursos válidos, mas que já serviram de base para outros incontáveis projetos semelhantes.
Quanto aos “exageros”, pode-se encará-los apenas como recursos para garantir o incômodo da plateia, ou como uma tentativa constante – e escancarada – de criar um estilo que se aproxima do que os fãs do gênero estão acostumados, em questão visual ou de roteiro (seja isso bom ou não).
É possível dizer que a duologia se encerra de modo coerente. Porém, há desvios suficientes para se estender a história em uma franquia, se essa for a intenção de seus realizadores.
por Angela Debellis
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.