Crítica: “Simonal”

Wilson Simonal é um nome memorável da música brasileira. Entre as décadas de 1960 e 1970, o jovem negro que saiu da periferia do Rio de Janeiro se tornou um dos maiores artistas da época. Era um verdadeiro Showman, suas apresentações eram completas e lotavam estádios, ele dominava o palco e o público.

Sob a direção de Leonardo Domingues, o longa “Simonal” narra a trajetória profissional do músico, desde os pequenos shows em bares na capital carioca – enquanto construía uma família ao lado de Tereza (Isis Valverde) –  até seu declínio, onde o astro foi seu próprio algoz.

O protagonista do drama é Fabrício Boliveira, ator que está em ascensão e trouxe ao personagem todo swing que era marca registrada do “Rei da Pilantragem”. Muito fiel aos trejeitos e expressões, Fabrício reviveu luta silenciosa do músico para se provar perante a uma sociedade racista e opressora.

O filme é uma viagem no tempo, com figurinos fiéis aos anos retratados, programas de rádio e tevê com auditórios lotados – há algumas passagens com Elis Regina, Jorge Benjor e Erasmo Carlos. A trilha sonora é de Max de Castro e Simoninha, e sucessos como “Meu limão, meu limoeiro”, “Balanço da Zona Sul” e “Nem vem que não tem” fazem parte da seleção.

A carreira de sucesso e a vida de Simonal eram cheias de extravagâncias, tudo que o dinheiro pôde lhe proporcionar é retratado em sua paixão por carros de luxo, a bela mansão, as pensões pagas à família, dentre outros gastos banais. Outro ponto abordado são os casos extraconjugais.

O fim do cantor e compositor se deu quando ele desconfiou que estava sendo roubado por seu contador, e recorreu a contatos no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). O contador foi sequestrado e torturado, forçado a confessar que estava desviando dinheiro, porém quando foi liberto expôs o ocorrido à mídia.

A partir deste ponto, Simonal é acusado juridicamente pelo crime, e numa tentativa de se minimizar os impactos de seus atos, assina um documento – acreditava ser uma espécie de depoimento, contudo posteriormente descobre-se que que a tal declaração dizia que ele era um delator,  e é quando ele passa a ser visto como traidor, não somente pela classe artística e sim por toda a esfera que naquele momento lutava contra ditadura militar.

Uma biografia bem produzida e realista, não há em momento algum tentativa de redenção ou beatificação do homem. Um relato do peso artístico e musical e de toda representatividade do “Rei do Swing“. Um drama nacional, um reforço cultural. Mais um marco das cinebiografias brasileiras.

por Carla Mendes – especial para A Toupeira

Filed in: Cinema

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