Crítica: “Três Verões”

O cinema nacional vem se mostrando cada vez mais dinâmico e criativo no quesito originalidade. Estrelado por Regina Casé, e após seu adiamento (devido à pandemia de Covid-19), o longa-metragem “Três Verões” estreia em sessões de Drive-Ins com uma história real: a corrupção no Brasil.

O projeto foi roteirizado com base nas investigações da Operação Lava-Jato, que envolve grandes empresários brasileiros, o que levou a autora e diretora Sandra Kogut a produzir uma história cheia de drama, comédia e com pontos impressionantes de realidade.

Madalena (Regina Casé) é empregada na casa de Edgar (Otávio Muller) e sua esposa Marta (Gisele Fróes), um casal aparentemente feliz, mas que traz em si um ar de mistério, algo que parece estar por um fio.

Edgar é um milionário, dono de uma personalidade um tanto quanto suspeita e um semblante meio preocupado, o que parece incomodar a todos em sua volta, principalmente Marta, que a todo instante mostra-se resignada com algo que talvez nem ela saiba de que se trata.

O enredo da trama é surpreendente, a começar pela forma como o longa se desenvolve, com a protagonista uma empregada doméstica que conta a história dos patrões, sendo esse um diferencial em meio a tantas outras produções clichês que infelizmente ignoram as classes menos favorecidas, dando apenas pequenos espaços em núcleos de humor ou periferias.

A ousadia de Sandra Kogut em dar voz ao povo, tendo como ponto central do filme os empregados de uma mansão, remete a uma nova era cinematográfica no Brasil. Um ciclo de novos personagens, enredos e histórias.

A produção apresenta um país rico por sua população, mostrando que nem só de humor vive o Brasil, mas sim de pessoas batalhadoras e cheias de personalidade.

O que também chama a atenção no longa é seu elenco, que conta com atores consagrados como Regina Casé, Otávio Muller, Rogério Fróes e Gisele Fróes. Atores veteranos dando um show de atuação e simplicidade nas cenas que parecem ter sido cuidadosamente alinhadas para não fugir do objetivo principal: mostrar um cenário real, sem filtros ou interpretações engessadas.

O texto de Sandra é cativante, é possível sentir as emoções de cada personagem durante as cenas, principalmente nas mais dramáticas, as quais, diga-se de passagem, a atriz Regina Casé tirou de letra. O modo como ela representa o trabalhador brasileiro é emocionante e emana esperança para quem assiste e acredita em novas possibilidades em meio às dificuldades da vida.

“Três Verões” chega em um momento de grande importância para o Brasil, trazendo para os espectadores do cinema nacional uma nova perspectiva para futuras produções brasileiras e um olhar mais crítico diante a corrupção vivida em nosso país.

Vale a pena conferir essa história.

por Pompeu Filho – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Vitrine Filmes.

Filed in: Cinema

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