Crítica: “Tudo e Todas as Coisas”

Os tempos atuais e suas possibilidades exigem cada vez mais imediatismo. Os dias continuam tendo 24 horas, mas nos vemos obrigados a encaixar um número crescente de atividades a esse tempo imutavelmente restrito. Mas e se, por uma razão inerente à nossa vontade, nos víssemos impossibilitados de acompanhar todo esse avanço proposto pela vida cotidiana?

Dirigido por Stella Meghie, “Tudo e Todas as Coisas” (Everything, Everything) nos apresenta Maddy (Amandla Stenberg), jovem de recém completados 18 anos, que passa a vida confinada a um ambiente estéril criado em sua própria casa, devido ao fato de ser portadora de uma rara doença que afeta de forma brutal sua imunidade. Qualquer simples resfriado poderia lhe ser fatal, o que a faz crescer longe de quase tudo e todos.

Seu contato com o “mundo exterior” se restringe à presença de sua mãe / médica particular Pauline (Anika Noni Rose), da enfermeira Carla (Ana de la Reguera) e de Rosa (Danube R. Hermossilo), filha de Carla e sua única amiga “real”. Além, é claro, de aplicativos no celular e da onipresente Internet, que, ainda que de maneira “impessoal”, abre um leque de opções para ela: de escrever resenhas de livros em um blog a fazer um curso online de arquitetura.

Até pelo fato de não ter escolha, Maddy pode ser considerada conformada (até demais) com a situação, mas isso muda drasticamente com a chegada de um novo rapaz à vizinhança. Parte atuante em um típico caso de amor à primeira vista, Olly (Nick Robinson) será o responsável pela guinada que a história dá a partir de sua aparição.

Uma garota que não pode ser tocada por ninguém e um garoto com problemas de convivência em sociedade. Está formado um improvável casal que consegue, de forma bastante natural, ganhar a simpatia do público que se pega torcendo por alguma reviravolta que os faça ter êxito na tentativa de ficarem juntos.

Apesar de contar com muitas situações que não podem ser chamadas de “inéditas”, o roteiro traz momentos bem eficientes. O crescimento como pessoa de ambos os jovens, a cumplicidade que evolui (ainda que haja um vidro – literalmente – entre eles), aquela sensação diferente que somente os apaixonados são capazes de descrever, tudo ganha vida na telona.

Destaque para a inteligente saída encontrada para tornar mais atrativas as conversas pelo celular, quando vemos o casal como se estivesse frente a frente, como parte das maquetes criadas por Maddy. Junto a eles, um astronauta – um enigmático e importante personagem -, cuja presença é explicada durante a projeção.

Para minha grande surpresa (uma vez que não li o best-seller homônimo de Nicola Yoon no qual o filme é baseado, nem procurei por spoilers – coisa que faço com frequência), ainda há espaço para o desenvolvimento de mais uma história inesperada – e importantíssima, o que torna a produção no mínimo diferente das demais do gênero.

Vale conferir.

por Angela Debellis

Filed in: Cinema

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