Crítica: “Vice”

Contradizendo a famosa frase que afirma que política é (ou pelo menos deveria ser) um assunto não se discute, parece que Hollywood descobriu um filão rentável e cujas obras tornam-se ainda mais visíveis com o ganho dos mais variados prêmios da indústria cinematográfica.

A mais nova produção a ter o viés político como tema central é “Vice”, que, como o próprio título indica, transforma uma figura normalmente relegada a segundo plano em um interessante e complexo protagonista.

A história gira em torno da ascensão da carreira de Dick Cheney (Christian Bale em mais uma transformação física memorável para o papel, contando também com um trabalho primoroso de maquiagem e criação de próteses), que passa de jovem inconsequente e beberrão a braço direito do presidente de uma das maiores potências mundiais. Tudo capiteneado por sua fiel esposa Lynne (Amy Adams), que com pulso forte e resistência, conseguiu traçar ao lado do marido uma vitoriosa trajetória familiar e profissional.

Todas as principais passagens que antecederam a vice-presidência durante os dois mandatos de George W. Bush (Sam Rockell) são mostradas, inclusive o período em que o protagonista trabalhou como assistente de Donald Rumsfeld (Steve Carell) e que serviu como um grande passo em direção a suas ambiciosas intenções.

A figura de Cheney à espreita, com uma expressão de quem parece estar sempre um passo à frente, é exibida de maneira a torná-lo quase uma sombra com vida própria. E em certos momentos, o ângulo da câmera faz com que ele pareça muito maior / superior, em clara alusão a como o poder alçar seus portadores a um patamar diferenciado.

O longa que tem 132 minutos de duração conta com um recurso que, particularmente, eu gosto muito: um narrador. Ainda que ele se faça visível em várias cenas durante a narrativa, sua real identidade só é confirmada nos momentos finais e, acredito que assim como eu, boa parte da plateia vá se surpreender com tal revelação, que consegue acrescentar ainda mais importância a todo relato.

Entre as sequências que merecem destaque, a que se passa durante os ataques de 11 de Setembro de 2001 é assustadora, não só pelos fatos terríveis que marcaram para sempre a data, mas pela postura assumida por aqueles que detinham o poder em mãos e pareceram pouco empenhados em buscar soluções que causassem o mínimo de danos possíveis a tantos que se viram envolvidos nessa intrincada rede de controle e manipulação.

Dirigido e roteirizado por Adam McKay, “Vice” chega à corrida pelo Oscar com oito indicações: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator (Christian Bale), Melhor Ator Coadjuvante (Sam Rockwell), Melhor Atriz Coadjuvante (Amy Adams), Melhor Edição e Melhor Cabelo e Maquiagem.

Vale conferir.

por Angela Debellis

 

Filed in: Cinema

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