Crítica: “Zona de Exclusão”

A História humana está cheia de guerras, ditaduras, miséria, fome, injustiças de todo tipo contra homens, mulheres, anciãos e crianças. Isso acontece também hoje, nas mais diversas regiões do mundo e cria enorme dor.

Milhões de pessoas em situação desesperadora tentam fugir de seus próprios países, deslocando-se para lugares que lhes deveriam ser melhores. Refugiados, fugitivos, legais e ilegais, documentados ou não, procuram outros rumos. E o fazem como podem.

Diante dessas situações, as reações daqueles que moram nos locais de eventuais destinos são também diversas. Alguns os rejeitam, entendendo serem superiores ou sentindo-se ameaçados. Outros os acolhem, protegem e amenizam tanta dor.

Esse resumo anterior pode servir para enquadrar alguns filmes que se ocupam de tais assuntos. Há material mais que suficiente para imaginar temas, roteiros, produções cinematográficas.

Esta é, precisamente, a origem de “Zona de Exclusão” (Green Border / Zielona Granica), coprodução polonesa-franco-tcheca, de 2023, com a direção da polonesa Agnieszka Holland (que tem vinte longas-metragens em seu currículo e como antecedente principal “Europa, Europa”, de 1990).

A obra, de duas horas e meia e filmada em preto e branco, traz a história de uma família síria que viaja até Belarus, numa tentativa típica de milhões de pessoas, fugindo de um país devastado pela guerra. O objetivo é poder passar à Polônia, e logo à Suécia, integrantes da União Europeia, o que lhes daria maior sustentação, tanto no econômico quanto em matéria de documentação.

Portanto, o material básico para esta produção está dentro do dito anteriormente: retratar um drama humano, com um caso específico. Porém, no cinema não bastam causas nobres ou situações que devem ser evidenciadas e até denunciadas por sofrimentos e injustiças. Não são elementos suficientes para fazer um bom filme. Assim, o resultado concreto pode ser bom, regular ou ruim.

No caso de “Zona de Exclusão”, não há um voo elevado narrativamente. É reiterativo na trama que mostra sofrimentos, idas e voltas de um país para outro; perseguições brutais, abandonos terríveis, desespero da maioria dos personagens envolvidos nessa fuga. São poucos os momentos diferentes, as alternativas dramáticas que criam expectativa no espectador.

Há uma saturação de padecimentos, ações maldosas, principalmente de governantes e forças armadas. Ainda mais: as atitudes positivas e esperançosas também caem dentro do marco geral, que deveria ser revoltante por um lado e elogiável por outro. É tudo bastante óbvio e há uma falta de nuances criativas, o que compromete aquela que, inicialmente, chamávamos de “boa vontade”, “causa nobre”.

Talvez possa ser mencionado como o mais elogiável o trecho final, denominado “Epílogo” e que se passa na fronteira de Polônia e Ucrânia, no dia 26 de fevereiro de 2022 (por exemplo, com uma cínica reviravolta de um personagem). Porém, como dito, ficam dúvidas cinematográficas sobre a necessidade das mais de duas horas e meia que compõem esta realização.

por Tomás Allen – especial para A Toupeira

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.

Filed in: Cinema

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