Direto da Toca: Assistimos à peça “Misery”

Crédito: Leekyung Kim

A premissa de autores sendo criticados e até mesmo ameaçados por fãs, infelizmente, não é algo recente. O roteirista norte-americano da Marvel, Dan Slott, em 2012, chegou a receber ameaças de morte por conta de uma história que estava escrevendo sobre o Homem-Aranha. Da mesma forma, vários autores de mangás evitam mostrar seus rostos e assinam suas histórias com pseudônimos, devido ao receio de reações violentas por parte dos fãs, caso levem as tramas de suas publicações para um rumo que não os agrade.

Pensando nesse fenômeno aterrador, Stephen King publicou em 1987 o livro “Misery” (Louca Obsessão). O suspense acompanha o escritor Paul Sheldon, que, após um acidente de carro em meio a uma nevasca, é resgatado pela enfermeira Annie Wilkes, uma grande fã de sua série de livros sobre a personagem Misery. Insatisfeita com o final do último livro e o destino da personagem principal, Annie isola Paul em seu quarto, torturando-o para que escreva uma continuação que mude o destino de Misery.

Crédito: Leekyung Kim

O texto foi adaptado para o cinema em 1990, dirigido por Rob Reiner, sendo fiel ao material original. Contudo, devido à trama centrada em poucos cenários e no desenvolvimento dos personagens, é fácil imaginar “Misery” flertando com a linguagem do teatro. Essa é a proposta que a WB Produções concretiza, e a produtora e o elenco desempenham isso com maestria.

Marcello Airoldi encarna o protagonista Paul Sheldon, adicionando um tom sarcástico ao personagem, tornando Paul quase cômico em alguns momentos. Mel Lisboa assume o papel da enfermeira Annie Wilkes, diferindo em aparência das representações anteriores da personagem. Esse aspecto acrescenta à representação da atriz, transmitindo uma certa ingenuidade e doçura, o que enriquece ainda mais sua atuação diante das ações violentas da personagem.

Crédito: Leekyung Kim

A cenografia da adaptação teatral de “Misery” é um espetáculo à parte. Toda a peça se desenrola em um cenário giratório com duas faces, exigindo agilidade da equipe de apoio para alterar rapidamente os elementos em cena a cada rotação. Alguns detalhes na cenografia são acertos incontestáveis, como a incorporação da linguagem teatral para representar a passagem de tempo e projetar flashbacks ou pesadelos do protagonista, utilizando elementos que tanto o teatro quanto o cinema podem oferecer.

Comparada ao texto original, a versão teatral de “Misery” permite-se ser levemente cômica, o que não é um demérito, mas sim uma genuína contribuição da produção. Apesar das diferenças narrativas, o elemento de horror presente no texto original de King é bem executado na peça, provocando arrepios nos espectadores com cenas de agonia, evidenciando o esmero na execução e imersão proporcionados pela produção.

Em resumo, a adaptação de “Misery” para o teatro revelou-se extremamente acertada. Apesar de ser um texto relativamente simples de transpor, é evidente que o resultado não teria sido tão satisfatório sem a competência da produção, bem como a excepcional desenvoltura de Mel Lisboa e Marcello Airoldi. Ter uma das melhores adaptações em terras brasileiras é um verdadeiro privilégio para os fãs do mestre do terror, Stephen King.

por Marcel Melinsk – especial para A Toupeira

Serviço:

“Misery”, a partir do romance de Stephen King

Temporada: De 09 de janeiro a 31 de março. Sextas às 20h30; sábados às 21h; domingos às 17h

Teatro TUCA

Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes. São Paulo / SP

Ingressos: R$ 120,00 (inteira) e R$ 60,00 (meia entrada)

Vendas: Bilheteria do Teatro de terça a domingo, das 14h às 20h, ou pela internet no site/app da Sympla! (https://bileto.sympla.com.br/event/88513)

Capacidade: 672 lugares. Classificação: 14 anos. Duração: 120 minutos. Gênero: Suspense. Acessibilidade: Teatro acessível para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida

Filed in: Direto da Toca, Teatro

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